por Piter Kehoma Boll
De forma a tentar evitar predadores, muitas espécies desenvolvem poderosas toxinas que prejudicariam qualquer um tentando comê-las, às vezes até matando. No entanto os predadores podem contra-atacar desenvolvendo uma forte resistência às defesas da presa, às vezes a níveis espetaculares.
Milípedes, ou piolhos-de-cobra, são conhecidos como presas de sabor desagradável que evoluíram uma variedade de toxinas para deter predadores. Não obstante, algumas espécies encontraram maneiras de lidar com as defesas dos milípedes, tornando as pobres criaturas desesperadas pelo desenvolvimento de novas estratégias de sobrevivência.
Na América do Norte, besouros carabídeos do gênero Promecognathus são predadores especialistas em milípedes. A espécie Xystocheir dissecta, uma de suas principais presas, produz cianeto como defesa química. Cianeto é um composto muito tóxico para a maioria das formas de vida.
Num estudo recente, 18 espécies diferentes de besouros carabídeos foram expostas a cianeto de sódio (NaCN) em laboratório para terem sua resistência verificada. Enquanto a maioria das espécies sucumbiu em menos de 10 minutos quanto exposta a 15 mg de NaCN ou menos, três espécies pouco se lixaram mesmo para quantidades tão altas quanto 100 mg. Estas três espécies são Promecognathus crassus, P. laevissimus e Metrius contractus. Enquanto as duas espécies de Promecognathus se alimentam de Xystocheir dissecta, Metrius contractus não o faz.
Em outro experimento, as espécies foram expostas de 100 mg de cianeto de potássio (KCN) por até duas horas. Enquanto M. contractus permaneceu ativo durante a primeira hora, todos os espécimes sucumbiram em menos de duas horas, mas, após 120 min, alguns espécimes de Promecognathus laevissius ainda estavam andando por aí como se nada estivesse acontecendo.
Este estudo é a primeira evidência de predadores resistentes a cianeto. Enquanto este superpoder em P. laevissimus é facilmente explicado pelo seu comportamento predatório, a alta resistência de M. contractus ainda é um mistério, já que esta espécime não é especializada em milípedes, apesar de ser possível que os coma como comida alternativa, especialmente espécimes doentes ou machucados. Ambas as espécies, no entanto, são resistentes a quantidades de cianeto bem acima do que eles encontrariam em qualquer milípede. É realmente um superpoder.
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Referência:
Weary BP, Will KW (2020) The Millipede-Predation Behavior of Promecognathus and Exceptional Cyanide Tolerance in Promecognathus and Metrius (Coleoptera: Carabidae). Annals of the Entomological Society of America. https://doi.org/10.1093/aesa/saaa023
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* Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons de Atribuição Não Comercial 4.0 Internacional