Por muito tempo, todas as plantas não-vasculares foram classificadas em só uma divisão, Bryophyta, dividida em três grupos: hepáticas, musgos e antóceros. Atualmente, no entanto, elas são tratadas como três divisões separadas: Marchantiophyta (hepáticas), Bryophyta (musgos) e Anthocerophyta (antóceros). Os três grupos são anatomicamente distintos e é difícil confundir um com o outro, especialmente os musgos, que possuiem um jeitão característico de “miniárvore”, mas às vezes não é tão fácil ver a diferença.
Este é o caso do camarada de hoje, um musgo bem peculiar chamado ナンジャモンジャゴケ (musgo-impossível) em japonês, e por uma boa razão. Seu nome científico é Takakia lepidozioides e é uma das duas espécies do gênero Takakia.
Quando espécimes de Takakia foram descobertas no século XIX, eles foram originalmente classificados como hepáticas e isso continuou assim por muitas décadas porque estruturas reprodutivas não eram conhecidas. Quando gametófitos femininos foram encontrados com arquegônios (a estrutura reprodutiva feminina) pela primeira vez, ficou claro que eles são na verdade musgos e foram reclassificados como tais.
O musgo-impossível cresce como uma camada de rizomas delicados e rastejantes dos quais crescem pequenos talos verdes e frágeis. Estes talos possuem minúsculas folhas que têm só algumas células de largura e que se ramificam na ponta como uma língua de cobra, uma característica não vista em musgos de outros gêneros. Crescendo em áreas de floresta bem sombreadas, o musgo-impossível possui uma distribuição bem disjunta, com populações isoladas encontradas na Ásia e na América do Norte. Ele é considerado um típico exemplo de uma espécie relicta, a qual provavelmente possuía uma distribuição original muito grande mas se tornou quase extinta durante uma era glacial, com apenas essas pequenas populações isoladas permanecendo.
O musgo-impossível, de fato, sofreu mais que a perda da maior parte de sua população neste evento. Todas as plantas masculinas parecem ter sido extintas também. Como resultado, as populações sobreviventes consistem apenas de fêmeas que são forçadas a se reproduzir assexuadamente por brotamento dos rizomas ou por pequenos fragmentos dos talos que podem acabar formando plantas inteiras novas.
As plantas femininas continuam produzindo estruturas sexuais no entanto, como se não tivessem perdido as esperanças e ainda acreditassem que possa haver alguns machos mundo afora. Quem sabe? Talvez eventualmente encontremos alguns em outra população isolada escondida em algum lugar remoto do nosso planeta.
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Referências:
Akiyama H (1999) Genetic variation of the asexually reproducing moss, Takakia lepidozioides. Journal of Bryology, 21(3), 177-182.
Wikipedia. Takakia. Disponível em < https://en.wikipedia.org/wiki/Takakia >. Acesso em 5 de novembro de 2020.
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