Arquivo do mês: março 2017

Sexta Selvagem: Cavalinha-Gigante-Mexicana

por Piter Kehoma Boll

Se você estiver andando pela floresta da América Central, pode acabar encontrando algo que a primeira vista pensaria ser um grupo de bambus, plantas crescendo como um tronco cilíndrico segmentado que pode chegar a mais de 7 m de altura, como visto na figura abaixo:

equisetum_myriochaetum

Um grupo de bambus? Não exatamente. Foto de Alex Lomas.*

Isso não são realmente bambus, no entanto, mas espécimes da maior espécie de cavalinha que existe hoje, a cavalinha-gigante-mexicana, Equisetum myriochaetum. Ela pode ser encontrada crescendo naturalmente do Peru ao México em áreas de solo fértil, especialmente junto a corpos d’água como arroios e banhados.

Assim como outras cavalinhas, a cavalinha-gigante-mexicana tem um caule ereto e oco com folhas muito estreitas crescendo em um redemoinho em torno das “articulações” do caule. As folhas são muito simples, similares àquelas de plantas mais primitivas, como as selaginelas e os licopódios, mas pensa-se que são simplificações de folhas mais complexas, visto que as cavalinhas são mais proximamente relacionadas às samambaias, as quais possuem folhas complexas.

Mais do que somente a maior cavalinha do mundo, a cavalinha-gigante-mexicana é uma planta medicinal importante na medicina popular mexicana, sendo usada para tratar doenças dos rins e diabetes mellitus tipo 2. E como em muitas outras ocasiões, estudos laboratoriais confirmaram que extratos aquosos das partes aéreas de E. myriochaetum de fato reduzem os níveis de glicose de pacientes com diabetes tipo 2 sem reduzir seus níveis de insulina. Mais um ponto para a medicina tradicional.

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Referências:

EOL – Encyclopedia of Life. Equisetum myriochaetum. Available at <http://eol.org/pages/6069616/overview&gt;. Access on March 4, 2017.

Revilla, M., Andrade-Cetto, A., Islas, S., & Wiedenfeld, H. (2002). Hypoglycemic effect of Equisetum myriochaetum aerial parts on type 2 diabetic patients Journal of Ethnopharmacology, 81 (1), 117-120 DOI: 10.1016/S0378-8741(02)00053-3

Royal Botanic Garden Edinburgh. Equisetum myriochaetum. Available at <http://www.rbge.org.uk/the-gardens/plant-of-the-month/plant-profiles/equisetum-myriochaetum&gt;. Access on March 4, 2017.

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Sexta Selvagem: Dinóbrio-divergente

por Piter Kehoma Boll

Vamos voltar a mais uma vez aos problemáticos e negligenciados protistas. Desta vez trarei a vocês outra alga pequena, mas bonita, mais precisamente uma alga dourada. Seu nome é Dinobryon divergens e como de praxe não há nome comum, então inventei um simplesmente traduzindo o nome científico, de forma que a chamarei de dinóbrio-divergente.

O dinóbrio-divergente é parte da classe Chrysophyceae, comumente conhecidas como algas douradas. Medindo certa de 50 µm de comprimento, ele vive em lagos temperados ao redor do mundo e forma colônias compostas de cerca de 6 a 50 células ovoides que são rodeadas por uma concha (lórica) de celulose com forma de vaso, como visto na imagem abaixo.

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Uma colônia ramificada de Dinobryon divergens. As células são claramente visíveis dentro da lórica. Foto de Frank Fox.*

Durante a formação da colônia, uma célula original se divide e uma das células-filhas desliza para a abertura da lórica e começa a construir uma nova. Ela começa criando a base da lórica, que tem um formato de funil e fica presa à parede interna da lórica original. Com divisões subsequentes, a colônia começa a crescer num formato de árvore. E a parte mais interessante é que as células têm dois flagelos e os usam para nadar, puxando a colônia inteira através da água.

Como com outras algas douradas, o dinóbrio-divergente produz uma estrutura silicosa interna que é globosa, oca e tem uma única abertura com o exterior. Essa estrutura é chamada de estatósporo ou estomatocisto e permite que a célula entre num estado de repouso (cisto). O estatósporo é uma estrutura importante para ajudar a distinguir diferentes espécies de algas douradas.

O dinóbrio-divergente é um organismo mixotrófico, significando que se alimenta por fotossíntese e também pela ingestão de alimento, especialmente bactérias. É um carinha interessante, não acha?

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Referências:

Franke, W., & Herth, W. (1973). Cell and lorica fine structure of the chrysomonad alga, Dinobryon sertularia Ehr. (Chrysophyceae) Archiv für Mikrobiologie, 91 (4), 323-344 DOI: 10.1007/BF00425052

Herth, W. (1979). Behaviour of the chrysoflagellate alga, Dinobryon divergens, during lorica formation Protoplasma, 100 (3-4), 345-351 DOI: 10.1007/BF01279321

Karim, A., & Round, F. (1967). Microfibrils in the lorica of the freshwater alga Dinobryon New Phytologist, 66 (3), 409-412 DOI: 10.1111/j.1469-8137.1967.tb06020.x

Sandgren, C. (1981). Characteristics of sexual and asexual resting cyst (statospore) formation in Dinobryon cylindricum Imhof (Chrysophyta) Journal of Phycology, 17 (2), 199-210 DOI: 10.1111/j.1529-8817.1981.tb00840.x

Sheath, R., Hellebust, J., & Sawa, T. (1975). The statospore of Dinobryon divergens Imhof: Formation and germination in a subarctic lake Journal of Phycology, 11 (2), 131-138 DOI: 10.1111/j.1529-8817.1975.tb02760.x

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Novas Espécies: 11 a 20 de março de 2017

por Piter Kehoma Boll

Aqui está uma lista de espécies descritas de 11 a 20 de março. Ela certamente não inclui todas as espécies descritas. A maior parte das informações vem dos jornais Mycokeys, Phytokeys, Zookeys, Phytotaxa, Zootaxa, International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology e Systematic and Applied Microbiology, além de revistas restritas a certos táxons.

SARs

Plantas

Fungos

Platelmintos

Anelídeos

Rotíferos

Tardígrados

Aracnídeos

Miriápodes

Crustáceos

Insetos

Peixes cartilaginosos

Peixes de nadadeiras rajadas

Lissanfíbios

Répteis

Mamíferos

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Sexta Selvagem: Braquíono-dobrável

por Piter Kehoma Boll

Charles Darwin já tinha percebido que pequenos animais, tais como os encontrados no zooplâncton, são amplamente distribuídos ao redor do mundo, mesmo aqueles encontrados em pequenas poças d’água. Isso parecia ir contra as teorias de especiação, mas pensou-se que poderia ser resultado de transporte passivo por outros animais, tais como aves migratórias. Uma dessas espécies é o minúsculo rotífero Brachionus plicatilis, ou o braquíono-dobrável, como eu decidi chamá-lo, uma espécie de 0.1 a 0.2 mm de comprimento encontrada pelo mundo todo em lagos salinos.

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Um espécime do braquíono-dobrável. Foto do usuário do Wikimedia user Sofdrakou.*

O braquíono-dobrável é uma espécie eurialina, significando que pode tolerar uma grande gama de salinidade. Estudos moleculares recentes demonstraram que ele é na verdade um complexo de pelo menos 22 espécies, mas como isso não foi ainda definido taxonomicamente, continuarei a usar os termos Brachionus plicatilis e braquíono-dobrável no sentido amplo.

Na última metade de século, o braquíono-dobrável se tornou uma espécie comercialmente importante, sendo criado como fonte de alimento para larvas de peixe. Ele pode ser alimentado com uma variedade de microrganismos, tal como bactérias, algas e levedos. No ambiente natural, ele é considerado uma espécie filtradora generalista.

Como muitos rotíferos, o braquíono-dobrável geralmente se reproduz por partenogênese, onde as chamadas fêmeas amícticas produzem ovos diploides que originam outras fêmeas amícticas. Sob certas condições, no entanto, eles podem produzir ovos que originam fêmeas mícticas, que somente depositam ovos haploides. Ovos haploides não fertilizados originam machos, enquanto aqueles fertilizados originam novas fêmeas. Um tanto complexo, né?

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Referências:

Gómez, A., Serra, M., Carvalho, G., & Lunt, D. (2002). Speciation in ancient cryptic species complexes: evidence from the molecular phylogeny of Brachionus plicatilis(Rotifera) Evolution, 56 (7) DOI: 10.1554/0014-3820(2002)056[1431:SIACSC]2.0.CO;2

Øie, G., Makridis, P., Reitan, K., & Olsen, Y. (1997). Protein and carbon utilization of rotifers (Brachionus plicatilis) in first feeding of turbot larvae (Scophthalmus maximus L.) Aquaculture, 153 (1-2), 103-122 DOI: 10.1016/S0044-8486(96)01514-1

Suatoni, E., Vicario, S., Rice, S., Snell, T., & Caccone, A. (2006). An analysis of species boundaries and biogeographic patterns in a cryptic species complex: The rotifer—Brachionus plicatilis Molecular Phylogenetics and Evolution, 41 (1), 86-98 DOI: 10.1016/j.ympev.2006.04.025

Walker, K. (1981). 13. A synopsis of ecological information on the saline lake rotifer Brachionus plicatilis Müller 1786 Hydrobiologia, 81-82 (1), 159-167 DOI: 10.1007/BF00048713

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Fêmeas malvadonas não são populares entre louva-a-deuses

por Piter Kehoma Boll

Uma das representações mais icônicas de louva-a-deuses é a de fêmeas comendo o macho após (ou durante) o sexo, um cenário desagradável que começa com uma decapitação antes mesmo de o macho terminar seu trabalho.

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Delícia de jantar masculino. Foto do usuário do Wikimedia Classiccardinal.*

De acordo com alguns estudos, quando o macho é decapitado, ele aumenta o bombeamento de sêmen para dentro da fêmea, assim aumentando as chances de fecundação. Isso poderia levar a se acreditar que ser comido é na verdade uma vantagem para o macho, já que aumenta sua prole.

Várias observações com espécies diferentes mostram o oposto, no entanto. Machos fazem tudo o que podem para evitar serem comidos pelas fêmeas, pois isso permite que copulem com fêmeas adicionais. Mas como eles podem escapar de um destino tão grotesco?

É sabido que fêmeas com fome são mais propensas em comer o parceiro do que as saciadas. Fêmeas bem alimentadas (gordas) também têm menos chances de ter uma refeição na cama do que fêmeas desnutridas. Os machos conseguem distinguir fêmeas famintas ou desnutridas e assim as evitam em tais condições. Eles gostam de fêmeas gordas e satisfeitas. Mas essa não é a única coisa que machos levam em conta quando escolhem a mãe adequada para seus filhos.

Um estudo de 2015 de pesquisadores da Universidade de Buenos Aires mostrou que machos da espécie Parastagmatoptera tessellata, encontrada na América do Sul, também escolhem fêmeas baseados em sua personalidade.

Em um experimento em laboratório, um macho foi posto em um recipiente onde ele podia ver duas fêmeas, uma agressiva e uma não agressiva. Outro macho foi apresentado a ambas as fêmeas (que não conseguiam ver uma a outra) e a fêmea agressiva sempre atacou o macho, enquanto a não-agressiva nunca o fez. Após ver como cada fêmea se comportava, o macho recebia acesso às duas e podia escolher sua favorita.

E adivinhem? A fêmea não agressiva foi escolhida na maioria das vezes. Isso significa que os machos não conseguem apenas dizer se as chances de serem comidos são grandes baseados na fome e na condição nutricional da fêmea, mas também ao analisar o comportamento da fêmea em relação a outros machos.

Veja também:

Conflito de gênero: Quem é o homem na relação?

Libélulas machos não são tão violentas quanto se pensava

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Referências:

Lelito, J., & Brown, W. (2008). Mate attraction by females in a sexually cannibalistic praying mantis Behavioral Ecology and Sociobiology, 63 (2), 313-320 DOI: 10.1007/s00265-008-0663-8

Scardamaglia, R., Fosacheca, S., & Pompilio, L. (2015). Sexual conflict in a sexually cannibalistic praying mantid: males prefer low-risk over high-risk females Animal Behaviour, 99, 9-14 DOI: 10.1016/j.anbehav.2014.10.013

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Novas Espécies: 1 a 10 de março de 2017

por Piter Kehoma Boll

Aqui está uma lista de espécies descritas de 1 a 10 de março. Ela certamente não inclui todas as espécies descritas. A maior parte das informações vem dos jornais Mycokeys, Phytokeys, Zookeys, Phytotaxa, Zootaxa, International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology e Systematic and Applied Microbiology, além de revistas restritas a certos táxons.

Pristimantis_attenboroughi

Pristimantis attenboroughi é uma nova espécie de rã descrita nos últimos 10 dias e nomeada em honra a Sir David Attenborough.

SARs

Plantas

Fungos

Esponjas

Entoproctos

Anelídeos

Quinorrincos

Nematomorfos

Nematódeos

Aracnídeos

Myriápodes

Crustáceos

Hexápodes

Peixes de nadadeiras rajadas

Lissanfíbios

Répteis

 

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Sexta Selvagem: Polvo-do-Deserto

por Piter Kehoma Boll

Hoje vou apresentar uma das mais bizarras espécies de planta no mundo. Encontrada no deserto de Namib, na Namíbia e em Angola, a Welwitschia mirabilis, geralmente simplesmente chamada welwitschia ou polvo-do-deserto em português, é o único membro da ordem Welwitschiales, um grupo de gimnospermas na divisão Gnetophyta.

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Um espécime de Welwitschia mirabilis em Naukluft, Namíbia. Foto de Sara&Joachim.*

O polvo-do-deserto tem uma aparência única. As mudas possuem dois cotilédones (as folhas originais produzidas pelas sementes) e depois desenvolvem duas folhas permanentes que crescem opostas (em ângulos retos) aos cotilédones. Estas folhas permanentes crescem continuamente, atingindo mais de 4 m de comprimento. Enquanto crescem, as folhas se partem e rasgam em várias tiras e ocupam uma área de cerca de 8 m de circunferência em torno da planta. O caule é lenhoso e as flores aparecem na parte central chamada coroa. A espécie é dioica, significando que flores masculinas e femininas aparecem em plantas diferentes. A polinização geralmente é conduzida por insetos.

Vivendo até 2 mil anos, o polvo-do-deserto é uma planta de deserto bem peculiar. Suas folhas são largas e muito grandes, diferente do que é a regra no deserto. Seu sistema de raízes também é muito raso, não penetrando fundo no solo. Parece que a maior parte da água usada pela planta é capturada pelas folhas a partir da neblina da manhã.

Apesar de ter uma distribuição bem restrita, o polvo-do-deserto não é (ainda) uma planta ameaçada, já que sua população é consideravelmente grande. Contudo, devido a sua popularidade, algumas áreas atraem coletores, e como ela cresce tão lentamente, pode eventualmente se tornar uma planta vulnerável.

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Referências:

Bornmann, C. H. 1972. Welwitschia mirabilis: paradox of the Namib Desert. Edeavour, 31(113):95–99.

Wikipedia. Welwitschia mirabilis. Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Welwitschia&gt;. Access em 1 março de 2017.

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Sexta Selvagem: Copo-de-elfo-escarlate

por Piter Kehoma Boll

Se você gosta de prestar atenção nos cogumelos crescendo no solo das florestas, pode ter encontrado esse camarada algumas vezes, especialmente se você vive no hemisfério norte. Cientificamente conhecido como Sarcoscypha coccinea, seu nomes comuns incluem copo-de-elfo-rubi, copo-de-elfo-escarlate, chapéu-de-elfo-escarlate ou simplesmente copo-escarlate.

O copo-de-elfo-escarlate é um ascomiceto, de forma que é mais proximamente relacionado às morelas e às trufas que aos cogumelos mais famosos com forma de guarda-chuva. Seu corpo de frutificação em forma de taça possui uma cor vermelho-viva por dentro e uma cor branca por fora. Ele pode ser encontrado crescendo em madeira podre em florestas na América do Norte e da Europa, apesar de também ter sido registrado na Austrália e no Chile.

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Belos copos-de-elfo-escarlates crescendo num tronco caído. Foto do usuário ceridwen do geograph.

Os corpos de frutificação do copo-de-elfo-escarlate podem variar dependendo das condições ambientais. Geralmente aqueles crescendo em madeira enterrada em locais protegidos do vento são os maiores, enquanto aqueles crescendo em madeira sobre o solo e expostos ao vento são geralmente menores. Não há consenso sobre se os corpos de frutificação são comestíveis ou não. Alguns autores o consideram comestível, enquanto outros não recomendam sua ingestão. Contudo há registros de pessoas comendo-os, e eles também são usados como medicamento por povos nativos americanos, tal como o povo Oneida.

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Referências:

EOL. Encyclopedia of Life. Sarcoscypha coccinea. Disponível em < http://eol.org/pages/1009245/overview >. Acesso em 1 de março de 2017.

Wikipedia. Sarcoscypha coccinea. Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Sarcoscypha_coccinea >. Access em 1 de março de 2017.

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