Arquivo da categoria: Aracnídeos

Sexta Selvagem: Ácaro-Pé-de-Pluma-do-Mediterrâneo

por Piter Kehoma Boll

Infinitas formas de beleza existem entre as pequenas criaturinhas que frequentemente nos cercam. Ácaros, que são tão onipresents, contêm várias belezas negligenciadas. Uma delas é o camaradinha de hoje, Eatoniana plumipes, que eu decidi batizar de ácaro-pé-de-pluma-do-Mediterrâneo.

Ácaro-pé-de-pluma-do-Mediterrâneo fotografado da Espanha por Simon Oliver*.

Adultos do ácaro-pé-de-pluma-do-Mediterrâneo são consideravelmente grandes para um ácaro, medindo uns poucos milímetros de comprimento, geralmente mais de 1 cm quando as pernas são consideradas. Eles são marrom-avermelhados, mais claros nas pernas e outros apêndices, e suas pernas traseiras são muito mais longas que as outras e possuem um tufo de pelos pretos longos que as faz parecer uma pluma, por isso o nome pé-de-pluma. Como sugerido pelo nome comum, a espécie é encontrada nos arredores do Mediterrâneo, incluindo o sul da Europa, norte da África, Turquia e o Oriente Médio.

Apesar de de ser um ácaro grande e consideravelmente bonito, muito pouco é conhecido sobre a história de vida do ácaro-pé-de-pluma-do-Mediterrâneo. Ele pertence a um grupo de ácaros que são predadores quando adultos, mas parasitas quando larvas. As larvas eclodem de ovos vermelhos postos pelas fêmeas no ambiente e são, é claro, muito menores que os adultos. Elas também têm só três pares de pernas, não quatro como os adultos, e não possuem as plumas características vistas nos adultos.

Alguns ovos do ácaro-pé-de-pluma-do-Mediterrâneo e uma larva recém-eclodida. Extraído de Mąkol & Sevsay (2015).

Quase nada é conhecido sobre os hábitos alimentares desta espécie. Gafanhotos estão entre os hospedeiros identificados das larvas, mas é provável que outros artrópodes sejam parasitados também. As larvas se prendem às pernas dos hospedeiros e se alimentam ali, sugando sua hemolinfa (o “sangue” dos artrópodes). Não consegui encontrar informação nenhuma sobre quais espécies servem de presa para os adultos.

Apesar de não sabermos quase nada sobre a ecologia do ácaro-pé-de-pluma-do-Mediterrâneo, ainda podemos apreciar sua beleza, e essa espécie certamente desempanha algum papel fundamental em seu ecossistema.

Se você vive ao redor do Mediterrâneo, já viu algum deles por aí? Comente aí!

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Mais ácaros:

Sexta Selvagem: Ácaro-de-veludo-vermelho-gigante (em 22 de julho de 2016)

Sexta Selvagem: Ácaro-da-lacerdinha-da-figueira (em 28 de junho de 2019)

Sexta Selvagem: Carrapato-de-Rinoceronte (em 18 de outubro de 2019)

Sexta Selvagem: Ácaro-da-babosa (em 7 de fevereiro de 2020)

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Sexta Selvagem: Opilião-Europeu

por Piter Kehoma Boll

Opiliões formam um grupo peculiar de aracnídeos que são frequentemente confundidos com aranhas, apesar de os dois grupos não serem proximamente relacionados. Através da maior parte da Europa e do norte da Ásia, você pode encontrar o opilião, a espécie que deu nome a todo o grupo. Seu nome científico é Phalangium opilio, atualmente conhecido como opilião-europeu.

Espécime na França. Foto do usuário saydelah do iNaturalist.*

O corpo das fêmeas atinge cerca de 9 mm de comprimento e os machos são ligeiramente menores, atingindo até 7 mm. Contudo a maior parte do tamanho está nas pernas. O segundo par, que é o mais longo, pode atingir 54 mm em achos e muito menos em fêmeas, cerca de 38 mm. Eles são frequentemente amarronzados, mas podem ter algumas marcas avermelhadas ou pretas também.

Machos possuem pernas muito compridas e quelíceras também compridas. Foto de Pascal Dubois.**

O opilião-europeu pode ser encontrado em uma variedade de habitats, como florestas e prados. Ele também é bem adaptado a ambientes antropizados (e qual espécie europeia não é?), como jardins, campos, gramados e parques. Como consequência, essa espécie foi introduzida na América do Norte, na Austrália e na Nova Zelândia.

As fêmeas são mais gorduchinhas e possuem pernas e quelícerass mais curtas. Foto de Jason Headley.**

Como predador, o opilião-europeu se alimenta de uma variedade de organismos menores e de corpo relativamente mole, como ácaros, pulgões e larvas de insetos. ELe também pode comer ovos de insetos e artrópodes mortos. Em ecossistemas agrícolas, ele pode ser uma espécie importante para o controle da população de algumas pragas, como a lagarta-da-espiga-de-milho, Helicoverpa zea e o besouro-da-batata, Leptinotarsa decemlineata. Ele também foi observado se alimentando do pulgão-da-soja, Aphis glycines, mas essa espécie parece ser prejudical ao desenvolvimento do opilião, de forma que ele provavelmente não o comeriam em plantações de soja de outras presas estiverem presentes.

Comendo uma formiga. Foto de Martin Galli.**

Durante a época de acasalamento, que geralmente ocorre pelo outono, os machos disputam as fêmeas com empurrões, atacando o rival com suas quelícerass e agarrando e torcendo os pedipalpos do adversário. O macho mais forte geralmente vence e copula com a fêmea nas proximidades enquanto o outro macho se retira. Os adultos morrem no inverno e os ovos sobrevivem para eclodir na primavera seguinte. Isso significa que duas gerações do opilião-europeu nunca se encontram.

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Você também pode gostar:

Sexta Selvagem: Opilião-de-Escudo-Platense (em 8 de março de 2019)

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Referências:

Allard, C. M., & Yeargan, K. V. (2005). Effect of diet on development and reproduction of the harvestman Phalangium opilio (Opiliones: Phalangiidae). Environmental entomology34(1), 6-13. https://doi.org/10.1603/0046-225X-34.1.6

Drummond, F., Suhaya, Y., & Groden, E. (1990). Predation on the Colorado potato beetle (Coleoptera: Chrysomelidae) by Phalangium opilio (Opiliones: Phalangidae). Journal of economic entomology83(3), 772-778. https://doi.org/10.1093/jee/83.3.772

Newton, B. L., & Yeargan, K. V. (2001). Predation of Helicoverpa zea (Lepidoptera: Noctuidae) eggs and first instars by Phalangium opilio (Opiliones: Phalangiidae). Journal of the Kansas Entomological Society, 199-204. https://www.jstor.org/stable/25086022

Willemart, R. H., Farine, J. P., Peretti, A. V., & Gnaspini, P. (2006). Behavioral roles of the sexually dimorphic structures in the male harvestman, Phalangium opilio (Opiliones, Phalangiidae). Canadian Journal of Zoology84(12), 1763-1774. https://doi.org/10.1139/z06-173

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Sexta Selvagem: Solífugo-Ibérico

por Piter Kehoma Boll

Os aracnídeos mais populares são certamente as aranhas, os escorpiões e os ácaros, seguidos pelos opiliões. Outro interessante grupo que costuma ser ignorado é o dos solífugos, às vezes chamados de aranhas-camelos ou escorpiões-do-vento. Este grupo interessante é caracterizado por ocorrer somente em desertos e outras regiões secas do mundo.

A espécie que estou apresentando aqui ocorre em regiões secas da Península Ibérica. Com o nome científico de Gluvia dorsalis, este é o único solífugo que se sabe ocorrer nessa região, de forma que um nome comum como solífugo-ibérico parece apropriado. Suas áreas preferidas na península são campos abertos com vegetação baixa e muito pouca chuva durante o verão.

Cinco pares de pernas? Na verdade não. Foto do usuário pepcanto do iNaturalist.*

Como todos os solífugos, o solífugo-ibérico se parece com um software de escorpião que foi forçado a rodar num hardware de aranha. Eles se parecem com aranhas compridas com cinco pares de pernas em vez de quatro. O primeiro par, no entanto, não são pernas verdadeiras, mas pedipalpos. Eles são maiores que os três primeiros pares de pernas no solífugo-ibérico, mas possuem menos segmentos. Solífugos também têm quelíceras enormes comparados a outros aracnídeos e podem usá-las como poderosas pinças. As pernas e os pedipalpos frequentemente têm uma cor alaranjada a marrom-avermelhada, enquanto o abdome é marrom-escuro e o prossoma geralmente é avermelhado, apesar de a cor poder variar entre indivíduos e ao longo de diferentes estágios de vida.

Olhe pras poderosas quelíceras dessa fêmea. Foto de Óscar Mendez.*

Solífugos-ibéricos fêmeas são um pouco maiores que os machos, atingindo até 2 cm de comprimento, enquanto os machos atingem cerca de 1,7 cm. Ele só são ativos durante os meses quentes do ano, entre maio e novembro, especialmente quando o ambiente está bem seco. Eu aposto que eles odeiam a chuva quase tanto quanto eu odeio o Bolsonaro.

Machos são menores e têm abdomes mais estreitos que as fêmeas. Foto de Rui Cambraia.*

Sendo um predador, o solífugo-ibérico se alimenta de uma variedade de outros artrópodes, incluindo todo tipo de insetos, tatuzinhos-de-jardim e aracnídeos, até mesmo indivíduos menores da própria espécie. Eles são noturnos, sendo ativos do pôr do sol até perto da meia-noite. Durante o dia, os machos procuram abrigo sob pedras, em frestas ou no meio de resíduos, enquanto as fêmeas e os jovens podem cavar tocas. As fêmeas provavelmente o fazem para fornecer um local mais protegido para os ovos, enquanto os jovens o fazem para suportarem o inverno.

Uma fêmea se alimento do que parece ser um himenóptero. Foto do usuário faluke do iNaturalist.*

O acasalamento ocorre entre junho e agosto e os machos morrem logo depois, enquanto as fêmeas vivem mais um pouco até porem os ovos, geralmente num único grupo de mais de 100 ovos, apesar de eventualmente poderem pôr mais um grupo de ovos, mas muito menor. As larvas eclodem dos ovos cerca de 2 meses depois de postos e passam por alguns ínstares durante as semanas seguintes, se tornando juvenis antes que as temperaturas caiam e eles precisem cavar suas tocas para passar o inverno. No verão seguinte eles continuam seu desenvolvimento e passam por mais um inverno, quando já estão quase atingindo a idade adulta, o que acontece no começo de seu terceiro verão.

Uma fêmea entrando em sua toca. Foto do usuário pirataber do iNaturalist.**

Por causa de sua aparência de aranha e os movimentos rápidos, os solífugos frequentemente assustam as pessoas, mas eles são completamente inofensivos a humanos. Diferentemente de aranhas e escorpiões, eles não têm nenhum tipo de peçonha. O único dano que podem causar é mordendo humanos se forem molestados, mas, apesar de dolorosas, as mordidas não são de interesse médico.

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Referências:

González-Monliné, A. L., Melic, A., & Barrientos, J. A. (2008) Taxonomía, distribución geográfica e historia natural del endemismo ibérico Gluvia dorsalis (Latreille, 1817) (Solifugae: Daesiidae). Boletín Sociedad Entomológica Aragonesa, 42, 385–395.

Hrušková-Martišová, M., Pekár, S., & Cardoso, P. (2010). Natural history of the Iberian solifuge Gluvia dorsalis (Solifuges: Daesiidae). The Journal of Arachnology38(3), 466-474. https://doi.org/10.1636/Hi09-104.1

Wikipedia. Solifugae. Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Solifugae>. Acesso em 8 de julho de 2021.

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Sexta Selvagem: Aranha-Vampira

por Piter Kehoma Boll

As aranhas papa-moscas são o grupo mais diverso e um dos mais fascinantes entre as aranhas. Muito tempo atrás eu apresentei uma espécie aqui, uma papa-mosca vegetariana. Agora é hora da segunda papa-mosca e, se uma aranha vegetariana já não era estranha o bastante, que tal uma aranha que se alimenta de sangue humano?

Evarcha culicivora é uma papa-mosca adorável encontrada na África nas redondezas do Lago Vitória. Seu nome comum, aranha-vampira, vem do fato de ela adorar sangue, apesar de não se alimentar diretamente dele. As presas da aranha-vampira são mosquitos e outros dípteros similares e ela pode se alimentar de uma variedade de espécies. Ela mostra, no entanto, uma marcada preferência por mosquitos fêmeas que se alimentaram de sangue, especialmente Anopheles gambiae, a espécie mais comum a sugar sangue de humanos nessa região da África.

Uma aranha-vampira comendo um delicioso mosquito cheio de sangue. Extraído do Twitter: https://twitter.com/infravec2/status/1012621117167632384
Veja elas em ação.

Espécies de Anopheles parecem ser a presa preferida mesmo se outros mosquitos sugadores de sangue, como os do gênero Culex, estão presentes. A aranha-vampira é capaz de reconhecer Anopheles pela postura do mosquito em repouso e tenta se mover para uma posição em que o possa capturar por trás. Tentativas de capturar outras espécies não são tão refinadas.

Não é um mosquito cheio de sangue mas ainda é uma bela refeição. Créditos a Robert Jackson. Extraído de The Guardian.

Enquanto aranhas fêmeas comendo o parceiro macho é uma prática disseminada e bem conhecida, em aranhas-vampiras o oposto é mais comum. Machos maiores frequentemente matam e comem fêmeas, então escolher o parceiro ideal é muito importante para as fêmeas de aranha-vampira. Um experimento demonstrou que machos e fêmeas virgens preferem indivíduos maiores do sexo oposto para acasalar, provavelmente porque indivíduos maiores possuem mais recursos para investir na prole. Contudo enquanto machos não virgens continuam preferindo fêmeas maiores, fêmeas não virgens preferem machos menores, provavelmente porque elas perceberam os perigos que um macho grande representa para elas. Elas sobreviveram ao primeiro mas não estão dispostas e arriscarem suas vidas novamente.

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Referências:

Cross FR, Jackson RR, Pollard SD (2007) Male and Female Mate‐Choice Decisions by Evarcha culicivora, An East African Jumping Spider. Ethology 113(9):901–908. https://doi.org/10.1111/j.1439-0310.2007.01394.x

Jackson RR, Nelson XJ (2011) Evarcha culicivora chooses blood‐fed Anopheles mosquitoes but other East African jumping spiders do not. Medicinal and Veterinary Entomology 26(2):233–235. https://doi.org/10.1111/j.1365-2915.2011.00986.x

Nelson XJ, Jackson RR, Sune G (2005) Use of Anopheles-specific prey-capture behavior by the small juveniles of Evarcha culicivora, a mosquito-eating jumping spider. Journal of Arachnology 33(2):541–548. https://doi.org/10.1636/05-3.1

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Sexta Selvagem: Ácaro-da-Babosa

por Piter Kehoma Boll

Alguns meses atrás eu apresentei uma minúscula vespa que causa galhas no eucalipto. Agora vou apresentar outra criatura minúscula, até menor que aquela vespa, que causa um tipo bem anormal de galha em espécies do gênero Aloe, popularmente chamadas de babosa .

Chamado Aceria aloinis e comumente conhecido como o ácaro-da-babosa, este aracnídeo minúsculo pode ser um pesadelo para espécies de babosa e aqueles que as cultivam. Eles são tão minúsculos que mal são visíveis a olho nu. Seu corpo é alongado e cilíndrico, vermiforme, como uma salsicha microscópica, e os adultos possuem apenas quatro patas em vez das típicas oito da maioria dos aracnídeos. Esta é a aparência típica da maioria dos ácaros da família Eriophyidae, conhecidos como ácaros-de-galha.

Dois ácaros-da-babosa. Extraído de Deinhart (2011).

Alimentando-se de células da epiderme dos pés de babosa, o ácaro-da-babosa leva a um enorme problema na planta hospedeira. Sua presença causa um crescimento anormal e feio formando uma galha disforme que é adequadamente conhecida como câncer da babosa. Este câncer frequentemente possui uma aparência esponjosa e às vezes, mais do que apenas estranhos crescimentos das folhas, do caule e das inflorescências, ele aparece como um aglomerado de folhas malformadas.

Uma galha nada bela formada pelo ácaro-da-babosa. Foto de Colin Ralston.*

Esta malformação provavelmente tem efeitos negativos sobre o desempenho a planta, mas a principal preocupação se deve ao fato de ela tornar espécies ornamentais de babosa esteticamente desagradáveis. A forma mais simples de se livrar do ácaro-da-babosa é cortando as partes infectadas e as queimando.

Mas como eles chegam até a planta para começar? Bem, ácaros eriofiídeos geralmente usam o vento para serem carregados de um lugar para outro e o ácaro-da-babosa não é exceção. Então você pode conseguir curar sua planta com uma amputação, mas, se houver outras plantas infectadas na região, os ácaros podem logo estar de volta.

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Referências:

Deinhart N (2011) Tiny Monsters: Aceria alionis. Cactus and Succulent Journal 83(3): 120–122. doi: 10.2985/0007-9367-83.3.120

Villavicencio LE, Bethke JA, Dahlke B, Vander Mey B, Corkidi L (2014) Curative and preventive control of Aceria aloinis (Acari: Eriophyidae) in Southern California. Journal of Economic Entomology 107(6):2088-2094.

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Sexta Selvagem: Aranha-florinda

por Piter Kehoma Boll

Há muitos grupos de aranhas que são bem conhecidos pelo público em geral, como caranguejeiras, papa-moscas, aranhas-lobo, tecedoras de teias orbiculares… mas um grupo com um número muito grande de espécies, a família Linyphiidae, geralmente passa despercebido.

Aranhas da família Linyphiidae são comumente conhecidas como aranhas-anãs ou tecedoras de lençóis pelo formato de suas teias. Uma espécie comum no leste dos Estados Unidos, especialmente no sudeste, é Florinda coccinea. Conhecida em inglês como black-tailed red sheetweaver, não possui nome popular em português, então decidi chamá-la simplesmente de aranha-florinda. Tendo apenas de 3 a 4 mm de comprimento, a aranha-florinda possui um corpo vermelho e uma pontinha preta no abdome. As pernas são marrom-avermelhadas a pretas.

Aranha-florinda fêmea no Mississipi, EUA. Foto de Tiffany Stone.*

Machos e fêmeas são muito similares em tamanho, com os machos sendo apenas ligeiramente menores. Os sexos podem ser facilmente distinguidos pelo abdome e pelos pedipalpos como na maioria das aranhas. As fêmeas possuem pedipalpos menores e um abdome mais arredondado, enquanto machos possuem pedipalpos com uma expansão redonda na ponta e abdome mais esbelto.

Um macho na Flórida. Foto do usuário rsnyder11 do iNaturalist.*

A teia da aranha-florinda, como a de outras tecedoras de lençol, consiste de um lençol horizontal com alguns fios adicionais por cima. Insetos voadores, quando colidem com os fios, caem no lençol e são capturados pela aranha.

Aspecto típico da teia da aranha-florinda como vista em campo, aqui coberta de gotículas de orvalho. Foto do usuário ndrobinson do iNaturalist.**

O comportamento de acasalamento da aranha-florinda começa com o macho entrando na teia da fêmea. Ele geralmente corta fora parte da teia da fêmea e deposita teia nova no mesmo lugar. Depois disso, ele se aproxima da fêmea, toca todas as pernas dela com seu par de pernas anteriores e aí começa a pseudocópula, na qual introduz os tubos de seus pedipalpos na genitália da fêmea, mas, como eles ainda estão vazios, a cópula não pode acontecer. Após algum tempo nessa brincadeira, o macho constrói uma pequena teia triangular e deposita uma gota de esperma nela. Ele então coleta o esperma com seus pedipalpos e se aproxima da fêmea mais uma vez, dessa vez fecundando-a pra valer.

De novo, a ecologia e a história de vida da aranha-florinda não são bem estudadas. E o mesmo vale para quase todas as espécies da família Linyphiidae, mesmo sendo a segunda maior família de aranhas no planeta. Elas são pequeninas demais para que a maioria de nós se importe.

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Referências:

Robertson MW, Adler PH (1994) Mating behavior of Florinda coccinea (Hentz) (Araneae: Linyphiidae). Journal of Insect Behavior 7(3): 313–326. doi: 10.1007/BF01989738

Wikipedia. Blacktailed red sheetweaver. Disponível em < https://en.wikipedia.org/wiki/Blacktailed_red_sheetweaver >. Acesso em 23 de outubro de 2019.

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Sexta Selvagem: Carrapato-de-Rinoceronte

por Piter Kehoma Boll

Parasitas existem existem em todo lugar e, apesar de muitos de nós verem-nos como criaturas odiosas, mais da metade de todas as formas de vida conhecidas vivem como parasitas pelo menos em parte da vida. E provavelmente há muitos parasitas ainda desconhecidos por aí. Hoje vou falar sobre um deles, que é encontrado em grandes porções da África.

Seu nome é Dermacentor rhinocerinus, conhecido como o carrapato-de-rinoceronte. Como seu nome sugere, ele é um carrapato, portanto um ácaro parasita, e seu estágio adulto vive na pele dos rinocerontes-brancos (Ceratotherium simum) e dos criticamente ameaçados rinocerontes-negros (Diceros bicornis).

Um carrapato-de-rinoceronte macho preso à pele de um rinoceronte na África do Sul. Créditos à usuária bgwright do iNaturalist.*

Machos e fêmeas do carrapato-de-rinoceronte são consideravelmente diferentes. Em machos, o corpo possui um fundo preto com muitas manchas laranjas grandes. Em fêmeas, por outro lado, o abdome é principalmente preto com somente duas grandes manchas laranjas e a placa no tórax é laranja com duas pequenas manchas pretas. Machos e fêmea acasalam na superfície dos rinocerontes. Após o acasalamento, a fêmea começa a aumentar de tamanho enquanto os ovos se desenvolvem dentro dela e então cai ao chão, pondo os ovos lá.

Um carrapato-de-rinoceronte fêmea esperando pacientemente que um rinoceronte passe por perto. Foto de Martin Weigand.*

As larvas, assim que eclodem, passam a procurar por outro hospedeiro, geralmente um mamífero de pequeno porte como roedores e musaranhos-elefantes. Elas se alimentam desse hospedeiro menor até atingirem o estágio adulto, quando então caem ao chão e sobem na vegetação ao redor, esperando que um rinoceronte passe por ali e então se agarrando a ele.

Esforços de conservação para preservar a biodiversidade são focados principalmente em vertebrados, especialmente aves e mamíferos. Rinocerontes, que são hospedeiros essenciais para o carrapato-de-rinoceronte sobreviver, são frequentemente parte de programas de conservação e, de maneira a aumentar seu sucesso reprodutivo, a prática de remover parasitas de sua pele é comum. Isso é, no entanto, ruim para os carrapatos-de-rinoceronte. Se seu hospedeiro está ameaçado, eles certamente estão ameaçados também, e removê-los piora ainda mais sua condição. Os parasitas são menos importantes para o planeta? Eles não merecem viver como qualquer outra forma de vida? Não podemos nos esquecer de que a natureza precisa de mais do que só aquilo que consideramos bonito.

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Mais ácaros e carrapatos:

Sexta Selvagem: Ácaro-de-Veludo-Vermelho-Gigante (em 22 de junho de 2016)

Sexta Selvagem: Ácaro-da-Lacerdinha-da-Figueira (em 28 de junho de 2019)

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Referências:

Horak IG, Fourie LJ, Braack LEO (2005) Small mammals as hosts of immature ixodid ticks. Onderstepoort Journal of Veterinary Research 72:255–261.

Horak IG, Cohen M (2001) Hosts of the immature stages of the rhinoceros tick, Dermacentor rhinocerinus (Acari, Ixodidae). Onderstepoort Journal of Veterinary Research 68:75–77.

Keirans JE (1993) Dermacentor rhinocerinus (Denny 1843) (Acari: Ixodida: Ixodidae): redescription of the male, female and nymph and first description of the larva. Onderstepoort Journal of Veterinary Research 60:59–68.

Mihalca AD, Gherman CM, Cozma V (2011) Coendangered hard ticks: threatened or threatening? Parasites & Vectors 4:71. doi: 10.1186/1756-3305-4-71

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Sexta Selvagem: Pseudoescorpião-Doméstico

por Piter Kehoma Boll

Aranhas, ácaros, opiliões e escorpiões são os aracnídeos mais bem conhecidos pelo público. No entanto outro grupo que possui muitas espécies, até mais que o dos escorpiões, é o dos pseudoescorpiões. Há uma boa chance de que alguns deles vivam bem próximos a você, especialmente se você pensar no Chelifer cancroides, o pseudoescorpião-doméstico.

Um pseudoescorpião-doméstico fotografado perto de Toronto, Canada. Foto de Ryan Hodnett.*

O nome pseudoescorpião vem do fato de estes aracnídeos se assemelharem a escorpiões, exceto pela ausência da cauda. Eles também são muito menores. O pseudoescorpião-doméstico é marrom e mede apenas cerca de 0,5 cm de comprimento e, como seu nome sugere, vive em residências humanas.

Pseudoscorpiões-domésticos machos defendem um pequeno território com um raio de apenas alguns centímetros. Eles permitem que fêmeas entrem no território e, durante o período de acasalamento, começam o comportamento de corte pelo qual iniciam uma dança que conduz a fêmea ao saco de esperma (espermatóforo) depositado no substrato. As fêmeas pegam o espermatóforo com seu orifício genital e usam o esperma para fertilizarem seus ovos.

Um gordão, provavelmente uma fêmea grávida, em Leibniz, Áustria. Foto de Gernot Kunz.**

Quando os ovos são postos, eles permanecem presos ao poro genital da fêmea e são cobertos coletivamente por uma membrana. Quando os filhotes eclodem dos ovos, eles ainda são larvas e permanecem dentro do saco formado pela membrana cobrindo os ovos. A fêmea então secreta uma substância parecida com leite de seu útero e as larvas se alimentam dela. Após sofrerem a primeira muda, as larvas, agora ninfas de primeiro ínstar, deixam a mãe e, após mais três mudas, atingem o estágio adulto.

Fêmea se alimentando de um ácaro. Foto de Roland Sachs.*

Apesar de poder passar despercebido na maioria das vezes, o pseudoescorpião-doméstico é uma espécie cosmopolita e comum, vivendo perto e dentro de casas. Seus pedipalpos, que se assemelham àqueles dos escorpiões, são muito longos e atingem quase 1 cm de comprimento quando estendidos. Como a maioria dos aracnídeos, eles são predadores e sua presença em habitações humanas pode ser bem útil pois eles se alimentam de criaturas menores e incômodas, como ácaros, percevejos e piolhos-dos-livros.

Se você encontrar um em sua casa, seja gentil e o agradeça pelo seu serviço.

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Referências:

Harvey MS (2014) A review and redescription of the cosmopolitan pseudoscorpion Chelifer cancroides (Pseudoscorpiones: Cheliferidae). Journal of Arachnology 42: 86–104.

Levi HW (1948) Notes on the life history of the pseudoscorpion Chelifer cancroides (Linn.) (Chelonethida). Transactions of the American Microscopical Society 67(3): 290–298. doi: 10.2307/3223197

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Sexta Selvagem: Ácaro-da-lacerdinha-da-figueira

por Piter Kehoma Boll

Semana passada, apresentei a lacerdinha-da-figueira, que se alimenta de várias figueira, incluindo a figueira-lacerdinha e a figueira-cubana. Hoje, continuaremos subindo pela cadeia alimentar e falaremos sobre um ácaro que é parasita da lacerdinha-da-figueira. Chamado Adactylidium gynaikothripsi, decidi dar a ele o nome comum de “ácaro-da-lacerdinha-da-figueira”.

O ácaro-da-lacerdinha-da-figueira foi descrito apenas em 2011 a partir de populações da lacerdinha-da-figueira na Grécia. Este é o quarto ácaro do gênero Adactylidium que se sabe que parasita a lacerdinha-da-figueira, os outros três sendo Adactylidium ficorum (“ácaro-da-figueira-lacerdinha”), A. brasiliensis (“ácaro-da-lacerdinha-brasileiro”) and A. fletchmani (“ácaro-da-lacerdinha-de-Fletchman”). Como você deve imaginar, para parasitar um inseto tão pequeno como a lacerdinha-da-figueira, estes ácaros precisam ser ainda menores, medindo cerca de 0,1 mm de comprimento.

Fêmea adulta do ácaro-da-lacerdinha-da-figueira. Extraído de Antonatos et al. (2011).

O ciclo de vida do ácaro-da-lacerdinha-da-figueira, que é basicamente o mesmo para todas as espécies de Adactylidium, é bem bizarro. Fêmeas adultas se alimentam dos ovos da lacerdinha-da-figueira. Elas começam sua vida adulta vagando sobre folhas de figueira procurando um ovo de lacerdinha adequado para atacarem. Uma vez que o acham, elas furam a casca do ovo com suas quelíceras e se prendem a eles como carrapatos, começando a comer. Elas se alimentam de um só ovo ao longo de toda a vida. Se elas não são capazes de encontrar um ovo, podem também se prender a uma lacerdinha adulta como último recurso, caso contrário morrerão em poucas horas.

Assim que a fêmea começa a comer, um pequeno grupo de ovos, geralmente entre 5 e 10, começa a se desenvolver dentro dela. Os ovos crescem durante as primeiras 48 horas após a fêmea se prender ao ovo, fazendo-a dobrar de tamanho e se tornando algo como um saco de ovos esférico. Os ovos eclodem por essa época e as larvas ficam dentro da mãe. Estas larvas não possuem peças bucais, portanto se acredita que absorvam nutrientes da mãe diretamente pela superfície corporal. Cerca de 24 horas mais tarde, as larvas se transformam em ninfas, que permanecem inativas dentro da pele descartada de larva. Elas também não possuem nenhuma peça bucal.

Fêmeas de ácaro-da-lacerdinha-da-figueira presas a ovos da lacerdinha-da-figueira. Extraído de Antonatos et al. (2011).*

Outras 24 se passam e as ninfas se transformam em ácaros adultos. Elas ainda estão dentro da mãe quando isso acontece. Os adultos são compostos sempre de um único macho e várias fêmeas. Este macho então começa a copular com as próprias irmãs, ainda dentro do abdome da mãe, e, quando a cópula termina, eles começam a rasgar o corpo da mãe em pedaços para se libertarem, matando-a no processo. Uma vez fora do corpo, o macho morre em poucos minutos, nunca comendo nada além do corpo da própria mãe. As fêmeas, por outro lado, começam a procurar por ovos de lacerdinha para se alimentarem, apenas para serem mortas pelos próprios filhos menos de 4 dias depois.

Este ciclo de vida inteiro pode parecer insano de nossa perspectiva humana, mas a natureza nunca esteve interessada em seguir nosso código moral.

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Referências:

Antonatos SA, Kapaxidi EV, Papadoulis, GT (2011) Adactylidium gynaikothripsi n. sp. (Acari: Acarophenacidae) associated with Gynaikothrips ficorum (Marshal) (Thysanoptera: Phlaeothripidae) from Greece. International Journal of Acarology, 37(sup1), 18–26. doi: 10.1080/01647954.2010.531763

Elbadry, EA, Tawfik, MSF (1966) Life Cycle of the Mite Adactylidium sp. (Acarina: Pyemotidae), a Predator of Thrips Eggs in the United Arab Republic. Annals of the Entomological Society of America, 59(3), 458–461. doi:10.1093/aesa/59.3.458

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Sexta Selvagem: Opilião-de-Escudo-Platense

por Piter Kehoma Boll

Sob troncos caídos e rochas na serapilheira de florestas e jardins em torno do Rio La Plata na Argentina e no Uruguai, você pode encontrar o camarada de hoje. Cientificamente conhecido como Discocyrtus prospicuus, é um opilião, um membro de um grupo de aracnídeos que lembram aranhas. Como de costume entre pequenos invertebrados escondidos, ele não possui um nome comum, de forma que cunhei o termo opilião-de-escudo-platense para me referir a ele.

Discocyrtus prospicuus em Buenos Aires, Argentina. Foto de Nicolas Olejnik.*

O opilião-de-escudo-platense pertence à família Gonyleptidae, que inclui opiliões com corpos impressionantemente armados e um prossoma (ou cefalotórax) com um formato triangular que lembra algum tipo de escudo. Ele possui uma cor marrom-avermelhada escura e duas poderosas patas traseiras armadas com vários espinhos.

O opilião-de-escudo-platense é encontrado em várias localidades da Argentina e do Uruguai, mas especialmente em áreas de floresta em torno do Rio La Plata e seus afluentes. Como de costume entre opiliões gonileptídeos, o opilião-de-escudo-platense depende de ambientes com um grau considerável de umidade.

Diferente da maioria dos aracnídeos, os opiliões geralmente são necrófagos onívoros, alimentando-se de matéria vegetal e animal morta, e o opilião-de-escudo-platense não é diferente. Em relações predador-presa, eles geralmente são a presa de outros animais, especialmente aranhas, como as aranhas-lobo que compartilham o mesmo hábitat. Quando está de frente para uma grande aranha que está prestes a caçá-lo, o opilião-de-escudo-platense pode usar uma série de mecanismos de defesa. Uma das formas mais simples de evitar ser comido é ficar imóvel ou se fingir de morto, um comportamento chamado tanatose. Quando está de frente para um opilião aparentemente morto, uma aranha-lobo geralmente o ignora completamente, como se ele nem mesmo estivesse lá. Quando isso não é suficiente para parar o ataque, o opilião pode usar estratégias adicionais como “mostrar a bunda” para a aranha ao levantar o abdome em direção ao predador e às vezes chutando a aranha com as patas traseiras. Outro mecanismo de defesa comum em opiliões é liberar compostos químicos com um odor forte e repulsivo, mas o opilião-de-escudo-platense não parece usá-lo frequentemente, ao menos não contra aranhas.

Pouco se sabe sobre a história natural do opilião-de-escudo-platense ou qualquer de seus parentes próximos. Como eu disse várias vezes antes, precisamos de mais pessoas estudando as pequenas criaturas que vivem ao nosso redor.

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Referências:

Costa LE, Guerrero EL (2011) Geographical distribution of Discocyrtus prospicuus (Arachnida: Opiliones: Gonyleptidae): Is there a pattern? Zootaxa 2043: 1–24.

Fernandes NS, Stanley E, Costa FG, Toscano-Gadea CA, Willemart RH (2017) Chemical sex recognition in the harvestman Discocyrtus prospicuus (Arachnida: Opiliones). Acta Ethologica 20(3): 215–221. doi: 10.1007/s10211-017-0264-5

Segalerba A, Toscano-Gadea CA (2016) Description of the Defensive Behaviour of Four Neotropical Harvestmen (Laniatores: Gonyleptidae) Against a Synchronic and Sympatric Wolf Spider (Araneae: Lycosidae). Arachnology 17(1): 52–58. doi:10.13156/arac.2006.17.1.52

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*Creative Commons License Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons de Atribuição Não Comercial 4.0 Internacional

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