Arquivo do mês: junho 2012

Sexta Selvagem: Planária-amarela-listrada-abundante

por Piter Kehoma Boll

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Hoje nosso Sexta Selvagem é sobre uma espécie quase desconhecida de um grupo quase desconhecido: Luteostriata abundans (antigamente Notogynaphallia abundans) é uma planária terrestre (um platelminto) encontrado no sul do Brasil, principalmente em áreas urbanas. É comum encontrá-la em jardins e parques escondida sob folhas, pedras e troncos.

Duas planárias Luteostriata abundans, chamadas por mim de Pierre e Marie (não se esqueça de que elas são hermafroditas, no entanto). Foto por Piter Kehoma Boll.
Duas planárias Luteostriata abundans, chamadas por mim de Pierre e Marie (não se esqueça de que elas são hermafroditas, no entanto). Foto por Piter Kehoma Boll.

A maioria das planárias terrestres são muito pouco conhecidas, mesmo sendo reconhecidas como bons bioindicadores de conservação. Contudo há um artigo publicado sobre os hábitos alimentares de L. abundans (Prasniski & Leal-Zanchet, 2009). Atualmente só se sabe que se alimenta de tatuzinhos-de-jardim, mas visto que é uma espécie bem comum em áreas perturbadas, sua dieta provavelmente inclui mais alguma coisa. (Estou estudando o comportamento predatório desta e outras espécies, mas não encontrei outra presa para ela ainda…)

Aqui no IPP (Instituto de Pesquisa de Planárias), também estamos fazendo pesquisa sobre a regeneração de L. abundans. Todos sabem como planárias aquáticas se regeneram bem quando cortadas em vários pedaços. Planárias terrestres não parecem ser tão habilidosas, mas muito pouco é conhecido sobre elas também neste assunto!

Outro fato interessante que notamos sobre L. abundans é sua habilidade de escapar de quase qualquer recipiente em que é colocada. Precisamos selar a tampa dos recipientes plásticos com fita adesiva e mesmo assim elas às vezes conseguem escapar.

Ainda há muito para se saber sobre estas planárias. Como predadoras, elas são essenciais para equilibrar o tamanho populacional de suas presas em áreas conservadas e para aquelas espécies conhecidas por viver bem em lugares urbanos, o conhecimento de seus hábitos alimentares é importante para avaliar sua chance de se tornar uma espécie invasora.

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Referências:

Carbayo, F. 2010. A new genus for seven Brazilian land planarian species, split off from Notogynaphallia(Platyhelminthes, Tricladida) Belgian Journal of Zoology, 140 (Suppl.), 91-101

Prasniski, M. E. T. & Leal-Zanchet, A. M. 2009. Predatory behavior of the land flatwormNotogynaphallia abundans (Platyhelminthes: Tricladida) Zoologia, 26, 606-612 DOI: 10.1590/S1984-46702009005000011

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Se você gosta de flores, deveria amar insetos

por Piter Keboma Boll

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Todo mundo gosta de flores, certo? Elas são tão coloridas e bonitas e geralmente possuem um aroma maravilhoso. As pessoas amam tê-las em seus jardins e mulheres amam receber um belo buquê de flores de seus namorados.

Algumas plantas com flores, da esquerda para a direita: Rosa 'Hybrid Tea', Pachystachys lutea e Zinnia elegans. Todas as fotos por Piter K. Boll (isto é, eu mesmo)*.
Algumas plantas com flores, da esquerda para a direita: Rosa ‘Hybrid Tea’, Pachystachys lutea e Zinnia elegans. Todas as fotos por Piter K. Boll (isto é, eu mesmo)*.

Mas por quê as flores são tão bonitas? É claro que as flores vistas acima são derivadas de variedades artificialmente selecionadas por humanos para aumentar sua beleza, mas flores na natureza também são maravilhosas!

Flores que ocorrem naturalmente. Da esquerda para a direita: Oxalis sp., Ipomoea fimbriosepala e Zephyranthes robusta. Todas as fotos minhas de novo (Piter K. Boll)*
Flores que ocorrem naturalmente. Da esquerda para a direita: Oxalis sp., Ipomoea fimbriosepala e Zephyranthes robusta. Todas as fotos minhas de novo (Piter K. Boll)*

Certamente essa beleza não possui a intenção de agradar pessoas ou o que quer que seja. Isso é pura besteira e somente alguns religiosos poderiam ter uma ideia tão errada. Se as plantas possuem belas flores, isso precisa dar-lhes alguma vantagem.

Como todos sabem (ou assim espero), as plantas geralmente não podem se mover como os animais, de forma que elas estão condenadas a ficar quietas em seu lugar. Isso pode significar uma porção de problemas quando você está procurando por recursos como água, luz ou elementos básicos como nitrogênio. Assim a evolução levou ao surgimento de estruturas incríveis para fazer as plantas sobreviverem, como adquirir um caule rígido para se tornar mais alta ou desenvolver folhas menores ou maiores, espinhos, gavinhas, ou mesmo se tornar carnívoras. Mas as plantas também precisam se reproduzir e para isso elas precisam de um parceiro, mas visto que elas são presas ao substrato, elas precisam encontrar maneiras alternativas de juntar seus gametas.

A maioria das plantas primitivas resolve isso através da água ou do vento, apenas deixando suas estruturas reprodutivas partirem e esperando que elas cheguem ao seu destino. Como você pode ver, este método não é o melhor, visto que a fertilização ocorre totalmente por sorte. Além disso, estas maneiras são limitadas em relação aos locais em que são bem-sucedidas. Uma planta fertilizada pela água precisa estar dentro da água ou viver próxima ao solo ou em locais onde ela eventualmente ficará submersa; da mesma forma, uma planta que depende do vento precisa, é claro, estar onde o vento sopra.

Musgo (esquerda) depende de água para se reproduzir, enquanto coníferas (direita) precisam de vento. Mais uma vez, fotos de Piter K. Boll.*
Musgo (esquerda) depende de água para se reproduzir, enquanto coníferas (direita) precisam de vento. Mais uma vez, fotos de Piter K. Boll.*

Esses métodos, apesar de limitados, funcionaram bem o bastante por milhões de anos até algum ponto do período cretáceo, quando um grupo de animais começou a se diversificar de maneira impressionante: os insetos.

Insetos são pequenos e prolíficos. Eles possuem um esqueleto externo duro de quitina, o que previne a desidratação e muitos ferimentos, e muitos deles aprenderam a voar, assim sendo capazes de cruzar grandes distâncias e colonizar novos ambientes.

Os insetos existem, claro, pelo menos desde o Carbonífero. O mais famoso deles é a libélula gigante Meganeura. Mas durante o Cretáceo aqueles grupos que hoje são os mais diversos começaram a aparecer em fósseis: formigas, abelhas, cupins, borboletas, mariposas, pulgões e gafanhotos. Besouros, o grupo mais diverso de insetos hoje (contendo mais espécies que todos os outros artrópodes juntos) são encontrados em fósseis desde o Carbonífero, mas quase se tornaram extintos durante a divisão Permiano-Triássico que marca a extinção em massa mais terrível na Terra. Após esse evento trágico, eles se mantiveram mais discretos até uma explosão em diversificação no Cretáceo junto com os insetos já mencionados.

Bem, todos esses insetos precisavam comer pra caramba e começaram a se alimentar de plantas, incluindo seu pólen. Isso poderia ser um sério problema, mas as plantas acharam um jeito de lidar com isso modificando a si mesmas de forma que os insetos se tornaram algo útil a elas.Se os insetos eram atraídos pelo seu pólen, por que eles não poderiam carregá-lo para outras plantas, assegurando assim uma fertilização mais segura? Foi isso mesmo que as plantas fizeram, mas para atrair os insetos ainda mais para seus órgãos reprodutores, elas começaram a aumentar de tamanho e a adquirir belas cores. Isso tudo aconteceu através de seleção natural de mutações aleatórias, é claro. Ninguém está assumindo que as plantas ou os insetos realmente escolheram mudar, isso é besteira. O que estou tentando dizer (de forma mais simples) é que aquelas plantas que eram capazes de conectar alguns de seus grãos de pólen aos insetos, de forma que eles atingissem outras plantas que o inseto visitasse, eram mais bem sucedidas em se reproduzir. Da mesma forma, aquelas plantas com flores mais bonitas atraíam mais insetos e também eram mais bem sucedidas se reproduzindo.

Enfim, é por isso que devemos agradecer aos insetos por existirem, porque sem eles não teríamos flores tão bonitas para decorar nossas vidas. E se você gosta de flores, mas odeia insetos, bem, você está sendo muito injusto com a natureza.

Eu sei que alguns podem pensar “mas eu gosto de borboletas. Elas são bonitas e legais e fofas e polinizam tudo, então só preciso gostar destes insetos e não de todas aquelas coisas nojentas.”

Ah é mesmo? Então você gosta de borboletas? Estou certo de que você gosta desta:

Lagarta de Agraulis vanillae. Foto de Bill Frank, extraída de jaxshells.org
Lagarta de Agraulis vanillae. Foto de Bill Frank, extraída de jaxshells.org

A maioria das pessoas gosta de borboletas e odeia lagartas, mas elas são exatamente a mesma coisa. E na verdade esses insetos passam a maior parte da vida como larvas. Agora só para saciar sua curiosidade, é com isso que aquela lagarta se parece quando adulta:

Um adulto de Agraulis vanillae em um capítulo de Zinnia elegans. Foto de Piter K. Boll.*
Um adulto de Agraulis vanillae em um capítulo de Zinnia elegans. Foto de Piter K. Boll.*

Mas borboletas não são os únicos polinizadores e nem mesmo os mais comuns. Abelhas, como você sabe, são também muito importantes e os principais polinizadores de muitas plantas economicamente importantes, especialmente frutíferas. Vespas, moscas, mosquitos, moscas-escorpiões e mariposas também são importantes, mas não podemos esquecer dos besouros.

A maioria das angiospermas basais e primitivas são polinizadas por besouros, então esses caras devem estar por trás do surgimento e da diversificação de plantas com flores. Há muitas evidências para isso, como um aumento da diversidade de angiospermas no registro fóssil sendo contemporânea com um aumento de espécies de besouros.

Recentemente, algumas flores fósseis da época turoniana (cerca de 90 milhões de anos) foram encontradas em Sayreville, New Jersey. Elas foram chamadas de Microvictoria svitkoana devido à impressionante similaridade com a vitória-régia, Victoria amazonica, apesar de muito menores em tamanho.

Flor de Victoria amazonica, uma das angiospermas mais primitivas. É fácil notar que ela de certa forma ainda lembra um cone de conífera. Foto de Frank Wouters.*
Flor de Victoria amazonica, uma das angiospermas mais primitivas. É fácil notar que ela de certa forma ainda lembra um cone de conífera. Foto de Frank Wouters.*

Apesar de primitiva, é certamente uma flor muito bonita, e só pode existir graças a besouros do gênero Cyclocephala, como este:

Cyclocephala hardyi, um besouro que poliniza Victoria amazonica. Foto extraída de ssaft.com/Blog/dotclear/
Cyclocephala hardyi, um besouro que poliniza Victoria amazonica. Foto extraída de ssaft.com/Blog/dotclear/

O que achou dele? Até que é um rapaz legal, não é? Se você olhar mais de perto, verá que cada inseto é impressionante de sua própria forma, até mesmo baratas!

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Referências:

Béthoux, O. 2009. The Earliest Beetle Identified. Journal of Paleontology, 83(6), 931-937 DOI: 10.1666/08-158.1

Crepet, W. L. 1996. Timing in the evolution of derived floral characters: Upper Cretaceous (Turonian) taxa with tricolpate and tricolpate-derived pollen. Review of Palaeobotany and Palynology, 90, 339-359 DOI: 10.1016/0034-6667(95)00091-7

Gandolfo, M. A., Nixon, K. C. and Crepet, W. L. 2004. Cretaceous flowers of Nymphaeaceae and implications for complex insect entrapment pollination mechanisms in early Angiosperms. PNAS, 101 (21), 8056-8060 DOI:10.1073/pnas.0402473101

Seymour, R. S. and Matthews, P. G. D. 2006. The Role of Thermogenesis in the Pollination Biology of the Amazon Waterlily Victoria amazonica. Annals of Botany, 98 (6), 1129-1135 DOI: 10.1093/aob/mcl201

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Sexta Selvagem: Verme-do-coração

por Piter Kehoma Boll

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A vida não é composta somente por criaturas bonitas e fofas. Parasitas formam uma boa parte dela. De fato, é provável que haja mais espécies parasitas do que não-parasitas.

O verme-do-coração (Dirofilaria immitis) é uma dessas espécies não tão fofas. Uma espécie de nematódeo, ele infecta pequenos mamíferos, especialmente cães, e é disseminado por mosquitos.

O nome verme-do-coração vem do fato de que esse verme vive no coração e nas artérias pulmonares de cães durante seu estágio adulto. O resultado da infecção pode ser falha cardíaca e danos no coração e nas artérias, mas algumas infecções podem passar completamente despercebidas, especialmente em cães sedentários.

Não é uma visão agradável. Vermes-do-coração em um coração de cão. Foto de Alan R. Walker*.
Não é uma visão agradável. Vermes-do-coração em um coração de cão. Foto de Alan R. Walker*.

Depois que os machos e fêmeas acasalam no coração do cão, a fêmea dá à luz larvas vivas chamadas microfilárias. Estas são liberadas na corrente sanguínea e esperam para serem transferidas a um mosquito durante uma picada. Mais de 60 espécies de mosquitos são conhecidas por servirem de hospedeiros intermediários das microfilárias.

Dentro do mosquito, as microfilárias crescem do estágio larval L1 para o estágio larval L3 e então migram para as glândulas salivares do mosquito e, assim que ele pica outro cão, são transferidas para ele e se desenvolvem sob a pele no local da picada para o estágio l4. Agora a larva L4 migra para os músculos do cão e se desenvolve para o estágio L5. Finalmente elas começam a migrar pela corrente sanguínea até atingirem o coração e a artéria pulmonar, onde sofrem uma muda e se tornam adultos, completando o ciclo.

Podemos achar estes vermes nojentos, mas temos que admitir que eles têm um ciclo de vida complexo e impressionante.

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Referências:

Wikimedia. Dirofilaria immitis. Disponível em: < https://en.wikipedia.org/wiki/Dirofilaria_immitis >. Acesso em 7 de junho de 2012.

Ludlam, K. W.; Jachowski, L. A.; Otto, G. G. 1970. Potential vectors of Dirofilaria imiitis. Journal of the American Veterinary Medical Association, 157: 1354-1359.

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O que é uma espécie 2: Conceitos verticais de espécie

por Piter Kehoma Boll

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Olá, pessoal!

Eu finalmente decidi continuar e escrever a segunda parte do meu artigo sobre conceitos de espécies. Vocês podem ver a primeira parte aqui, onde falei sobre conceitos horizontais de espécie. Hoje vou falar sobre outra perspectiva, os conceitos verticais de espécie, isto é, como espécies acontecem através do tempo.

Conceitos verticais dificilmente são usados para realmente definir uma espécie, visto que eles não representam a situação atual de seres vivos e é difícil saber a real história de uma população para determinar seu status através de toda a sua existência. Contudo estes conceitos são úteis em reconstruções filogenéticas e para entender como novas espécies surgem de outras ao longo do tempo.

Bem, vamos ver os dois principais conceitos verticais de espécie.

1. Conceito cladístico de espécie

Proposto por Ridley em 1989, ele define uma espécie como um conjunto de organismos entre dois eventos de especiação, ou entre um evento de especiação e um evento de extinção. De acordo com isso, uma espécie começa a existir quando uma linhagem de organismos é dividida em duas. Não há espécies parafiléticas neste conceito, já que quando ocorre um evento de especiação, a espécie ancestral se torna extinta, dando origem a duas novas espécies.

Conceito cladístico: toda vez que ocorre um evento de especiação, duas novas espécies são criadas e a ancestral se torna extinta.
Conceito cladístico: toda vez que ocorre um evento de especiação, duas novas espécies são criadas e a ancestral se torna extinta.

2. Conceito evolutivo de espécie

Uma espécie evolutiva é definida como um conjunto de organismos de uma única linhagem que possui suas próprias tendências evolutivas e seu próprio destino histórico. Diferentemente da espécie cladística, a espécie evolutiva não se torna necessariamente extinta quando outra linhagem se separa dela, assim permitindo que seja parafilética, ou seja, se uma população é dividida em duas, aquela que continua a ter as mesmas características gerais e o mesmo caminho evolutivo é considerada a mesma espécie que a ancestral.

Conceito evolutivo: uma espécie não se torna necessariamente extinta durante um evento de especiação.. A espécie 1 (species 1) se torna parafilética depois de se separar da espécie 2 (species 2).
Conceito evolutivo: uma espécie não se torna necessariamente extinta durante um evento de especiação.. A espécie 1 (species 1) se torna parafilética depois de se separar da espécie 2 (species 2).

Como não há registro da história evolutiva de organismos, não há como determiná-la para nenhuma espécie. Algumas ideias podem ser propostas e altamente sustentadas por análises genéticas, mas nunca podemos ter certeza de como as coisas realmente aconteceram, de forma que conceitos verticais não podem ser aplicados na prática e são mais úteis para inferir relações genéticas entre diferentes populações e assim guiar o manejo adequado destas em esforços de conservação.

Outro ponto interessante é que, de acordo com conceitos verticais, dois organismos são considerados espécies diferentes assim que se separam em linhagens diferentes, em populações diferentes que não vão mais entrar em contato, de forma que mesmo dois primos seriam espécies diferentes, mesmo que geneticamente, morfologicamente e ecologicamente muito similares.

Assim, conceitos verticais são mais úteis para determinar a filogenia e auxiliar na genética de populações, mas não para realmente definir espécies em qualquer ecossistema, visto que nestes casos a situação é caracterizada pelo status presente de organismos e assim melhor sustentada por abordagens horizontais.

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Referências:

Mayden, R. L. 1997. A hierarchy of species concepts: the denoument in the saga of the species problem, in M. F. Claridge, H. A. Dawah and M. R. Wilson (eds.), Species: The units of diversity, London: Chapman and Hall, 381-423

Ridley, M. 2004. Evolution. Blackwell Publishing. ISBN 1-4051-0345-0.

Stamos, D. N. 2002. Species, languages, and the horizontal/vertical distinction. Biology and Phylosophy, 17, 171-198

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Sexta Selvagem: Morcego-da-fruta-de-Maurício

por Piter Kehoma Boll

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Então, decidi começar uma nova categoria de postagens aqui chamada “Sexta Selvagem” (sim, um nome meio bobo, mas não consegui pensar em nada melhor!). Todas as sextas tentarei trazer a vocês uma espécie interessante entre nossos “bioirmãos” terráqueos e falar um pouco sobre ela.

A primeira a ser apresentada é um carinha bonito e fofo de Maurício, o chamado morcego-da-fruta-de-Maurício ou raposa-voadora-de-Maurício (Pteropus niger).

Morcego-da-fruta-de-Maurício (Pteropus niger). Foto extraída de batcnservacy.org
Morcego-da-fruta-de-Maurício (Pteropus niger). Foto extraída de batcnservacy.org

Contudo, apesar de sua fofura, ele é o último sobrevivente dos morcegos-da-fruta endêmicos das Ilhas Mascarenhas e está enfrentando um grande risco de extinção. O país possui uma lei para protegê-los, mas (adivinha) cultivadores de frutas das ilhas estão pressionando o governo de Maurício para abrandar a lei de forma a permitir “cotas de remoção” para controlar o tamanho populacional do morcego, reduzindo assim a “depredação causada à produção de frutas”.

Pteropus niger já é listado como uma espécie em perigo pela IUCN e se sua proteção não for reforçada em vez de abrandada, ele pode de fato se tornar extinto. É triste assistir a pessoas se queixando apenas de seus próprios problemas, tentando consertá-los da forma mais fácil, sem olhar para as consequências que podem vir disso. O morcego-da-fruta-de-Maurício é o maior frugívoro sobrevivente na ilha, tendo um papel central na dispersão de sementes. Em vez de simplesmente caçá-lo até o fim, o governo e os produtores de frutas deveriam se dar conta de que proteger o ambiente natural do morcego (as florestas) os faria ter alimento suficiente para consumir sem precisar procurar por ele em plantações.

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Referências:

Florens, F. B. V. 2012. Going to Bat for an Endangered Species. Science, 336 (6085), 1102 DOI: 10.1126/science.336.6085.1102-a

IUCN Red List:Pteropus niger. Disponível em <http://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/18743/0 >

Lubee Bat Conservacy: Africa Projects. Disponível online em <http://www.batconservancy.org/africa-projects-bat-conservation.php >

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