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Você pode contribuir com pesquisas biológicas de casa

por Piter Kehoma Boll

Ha muitas pessoas pelo mundo que, apesar de não serem cientistas, são entusiastas da ciência. Acho que muitos de vocês lendo este artigo se encaixam nesta categoria. Você pode ser uma dona de casa, um advogado, um taxista ou simplesmente um jovem estudante, mas você tem grande interesse em ciência.

Bom, e se você pudesse ajudar a ciência de casa? Isso na verdade é possível de várias maneiras. Há muitos programas, aplicativos e websites nos quais você pode ajudar a fazer pesquisa em diferentes áreas. Aqui eu focarei em pesquisa biológica já que biologia é o assunto deste blog.

Então vamos lá! Veja abaixo como você pode contribuir.

  1. Tire fotografias da vida selvagem e as disponibilize online

Muitas pessoas amam tirar fotos da natureza. Alguns websites, como o flickr, são lotados de imagens incríveis de todo tipo de forma de vida. Infelizmente a maioria das pessoas protege seu trabalho sob leis de direitos autorais (copyright) que previnem seu uso sem permissão direta do autor ou sem comprá-lo.

Mas você pode ser mais generoso e distribuir seu trabalho sob uma licença creative commons. Isso garante que você deva ser mencionado como autor do trabalho mas ainda permite que outros o usem. Há várias licenças creative commons diferentes. Escolha a que melhor se adeque a você! O importante é permitir que seus trabalhos sejam usados em outros websites, em livros, artigos científicos etc, assim ajudando a disseminar o conhecimento científico.

Você pode carregar suas fotografias no flickr, no Wikimedia Commons, ou mesmo em seu próprio website, contanto que indique a licensa creative commons adequada. Seja generoso!

Eu disponibilizei várias das minhas fotos de planárias terrestres no Wikimedia Commons.
  1. Registre as formas de vida que você vê

Mais do que apenas compartilhar suas imagens, você pode registrar a localização onde encontrou a espécie. Assim, você ajudará a comunidade científica a melhorar seu conhecimento sobre a distribuição das espécies pelo mundo. Um lugar maravilhoso para fazer isso é o website iNaturalist.org. Mesmo que você não saiba a identidade da espécie que encontrou, pode carregar seus registros lá e alguém eventualmente determinará a espécie para você. Da mesma forma, você pode ajudar a identificar registros de outros usuários.

Eu carreguei muitos registros no iNaturalist.
  1. Compartilhe sua pesquisa bibliográfica na Wikipedia e na EOL

Se você é um estudante de graduação ou pós-graduação, um pesquisador acadêmico ou simplesmente alguém que ama a ciência e que lê muitos artigos científicos, livros, enciclopédias etc, não tranque o conhecimento dentro de você. Disponibilize-o para os outros! E uma maneira maravilhosa de fazer isso é editando a Wikipedia.

Acredito que todos conheçam a Wikipédia, a enciclopédia livre que todos podem editar. Se você andou lendo sobre o comportamento sexual de minhocas ou o uso de um extrato vegetal para o tratamento de câncer cervical, verifique o artigo da Wikipedia sobre o assunto e, se a informação não estiver lá, não hesite em adicioná-la e, claro, cite a fonte! A Wikipedia pode ser um pouco confusa de lidar de início para quem nunca a editou, mas, uma vez que você entenda como funciona e fique animado, ninguém pode pará-lo!

Além disso, se sua informação sobre um assunto não possui um artigo na Wikipedia ainda, simplesmente comece um artigo novo!

O artigo sobre o sistema reprodutor de planárias, na Wikipedia em inglês, é uma das minhas muitas contribuições.

Outro projeto que você pode ajudar é o EOL (Encyclopedia of Life), um website com o objetivo de reunir informações de todas as formas de vida e deixá-las disponíveis em um só lugar. Depois de se registrar, você terá uma liberdade limitada para adicionar conteúdo novo, mas eventualmente pode requisitar uma posição mais elevada que te dará acesso a um número maior de possibilidades.

Você sabe de outras formas de ajudar a pesquisa biológica de casa? Deixe um comentário e compartilhe conosco!

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Túnel do Tempo #1: Evolução – O Jogo da Vida

por Carlos Augusto Chamarelli

Olá pessoal, PK aqui como de costume. Hoje apresentarei o primeiro dos artigos do Túnel do Tempo, onde relembraremos algumas das obras multimídias que vimos publicadas no Brasil e no mundo, incluindo jogos, filmes, documentários, livros, revistas, programas de computador ou qualquer outra coisa relacionada às ciências biológicas ou gerais, nos influenciando e dando asas à nossa imaginação, e claro, nos entretendo enquanto o fazem.

Nosso primeiro item do Túnel do Tempo será o jogo primariamente responsável pelo meu interesse na história da Terra e a evolução dos seres vivos: Evolução – O Jogo da Vida. Inicialmente desenvolvida pela Crossover Technologies e a Discovery Multimedia em 1997 sob o nome “Evolution – The Game of Intelligent Life”, foi lançado no Brasil, no ano seguinte, pelo Globo Multimídia, totalmente traduzido em português. Até hoje eu me recordo do dia em que eu vi sua peculiar caixa numa loja de informática no Shopping Nova América, hoje em dia uma loja de roupas, com blusas feiosas no lugar onde uma vez sua nobre caixa esteve.

Se ao menos fosse uma blusa com essa imagem talvez até salvaria.

Se ao menos fosse uma blusa com essa imagem talvez até salvaria.

O jogo é um misto de simulação com estratégia, e os jogadores têm a opção de escolher jogar na Terra histórica ou num mundo gerado aleatoriamente, além de poder escolher sua duração, tendo opções para só alguns períodos ou para a história completa dos vertebrados terrestres, de tetrápodes primitivos há 360 milhões de anos até o aparecimento de espécies inteligentes – o objetivo final do jogo – com um segundo representado cerca de 30 mil anos.

Poucas pessoas sabem mas os dinossauros apareceram no início do Permiano e sobreviveram até os dias de hoje na África. Pelo menos assim nos ensina Evolução.

Poucas pessoas sabem mas os dinossauros apareceram no início do Permiano e sobreviveram até os dias de hoje na África. Pelo menos assim nos ensina Evolução.

Há cerca de 170 espécies animais, incluindo tanto espécies famosas como o mamute lanoso e o Tiranossauro, quanto outras – na época em que foi lançado – pouco conhecidas, como o Indricotherium e o Ventastega. Há também espécies inteligentes além do Homo sapiens, inventadas pelos desenvolvedores para oferecer uma maior variedade e explorar possibilidades, tal como o Elephasapiens, um elefante inteligente, e o Saurosapiens, evoluídos de dinossauros; então não apenas esse jogo influenciou-me quanto à idéia geral da evolução, também foi de certa forma meu primeiro contato com evolução especulativa. Há também o Bestiário, a enciclopédia do jogo contendo textos informativos sobre cada criatura, além de explicar algumas decisões e explorações de idéias sutilmente introduzidas, tal como sinapisídeos e répteis anapsídeos podendo originar análogos aos dinossauros e a possibilidade de outros animais serem candidatos a originarem espécies inteligentes.

Um dos quais se parece com isso.

Um dos quais se parece com isso.

O jogo pode ser jogado sozinho ou com até 5 oponentes, mas mesmo sozinho o jogo é bem desafiante pois os continentes se movem, o clima muda e os habitats se alteram e você precisa evoluir suas criaturas para outras que consigam acompanhar os tempos – algo que não é tão fácil por vezes, mas quando você faz um Pantylus sobreviver do Carbonífero ao Cenozóico é difícil não sentir orgulho de si mesmo. Cada criatura tem uma época e ambientes específicos em que sobrevivem e se alimentam melhor, então é imperativo que você consiga tomar posse das fontes de alimento antes que seus inimigos o façam. Ao evoluir novas criaturas você deve alocar pontos que determinam o quão rápido você evolui – determinado pelo quão bem a população de criaturas está se alimentando -, o quanto sua alimentação irá melhorar, e quão bem sua criatura ataca ou se defende de outra criatura, este último sendo algo mais importante para partidas com vários jogadores, pois espécies predatórias são sua principal ferramenta para manter o controle de seu território e espantar invasores. Como se não bastasse essa luta pela sobrevivência entre as criaturas, há também os desastres naturais, causando extinções e por vezes alterando o clima global para desafiá-lo ainda mais.

Apesar de aparentemente ainda viverem em pântanos, os saurópodes não arrastam a cauda.

Apesar de aparentemente ainda viverem em pântanos, os saurópodes não arrastam a cauda.

No lançamento brasileiro há de brinde um pôster da Árvore da Vida, contendo todas as criaturas do jogo e suas linhas evolutivas, o que é ótimo e até hoje guardo a minha com muito cuidado para que sobreviva o dia em que eu possa emoldurá-la e pendurar na parede, mas infelizmente faltou o Bestiário do lançamento original, que traz as informações de cada espécie e ilustrações maiores em forma de livro. Mas tudo bem, o pôster já é um ótimo brinde por si só. O manual do jogo também, como era costume dos lançamentos dos anos 90, continha informações adicionais, em especial as notas do designer Greg Costikyan acerca das decisões que tomaram no desenvolvimento do jogo, tal como as limitações da época em que foi feito forçando que a seleção de espécies ter sido rigorosa para que pudesse oferecer uma boa variedade de criaturas interessantes e ainda criar uma árvore evolutiva análoga ao da vida real; tudo isso cabendo num CD.

Embora com jogabilidade de andamento lento – algo que não atrai muita gente que normalmente apenas se interessa com jogos de tiro em primeira pessoa –, é até hoje um dos meus favoritos, apesar de apenas rodar em Windows 98 e anteriores sem o auxílio de alterações. Antes desse jogo meu conhecimento sobre o passado da Terra se limitava a dinossauros e ao que era ensinado na escola sobre a história da humanidade, portanto eu fico feliz de ter assegurado uma cópia da loja virtual do Globo antes dessa fechar e agradeço com toda sinceridade a todos os que foram responsáveis por esse projeto.

 

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