por Piter Kehoma Boll
O sucesso de muitas espécies de plantas é resultado de sua associação com diferentes organismos em seus sistemas de raízes, como fungos e bactérias. Entre as bactérias, as mais amplamente conhecidas por sua associação com raízes são os chamados rizóbios, bactérias que são associadas com a raiz de leguminosas (plantas da família Fabaceae).
Contudo este tipo de associação evoluiu independentemente muitas vezes em muitas linhagens de plantas e muitas linhagens de bactérias. Hoje apresentarei a vocês uma bactéria que não é proximamente relacionada aos rizóbios, mas age similarmente. Cientificamente conhecida como Frankia alni, ela não possui um nome comum, mas decidi chamá-la de bactéria-da-raiz-do-amieiro.
Como tanto o nome científico quanto o nome comum que acabei de inventar sugerem, a bactéria-da-raiz-do-amieiro é uma espécie associada com as raízes de árvores no gênero Alnus, comumente conhecidas como amieiro em português. Ela pertence ao filo Actinobacteria e à ordem Actinomycetales, tendo um crescimento filamentoso que produz uma estrutura similar ao micélio dos fungos.
As bactérias não penetram as membranas celulares da planta hospedeira de cara, mas ficam dentro de estruturas que se desenvolvem a partir da parede celular da planta. De lá, elas estimulam a divisão celular e a produção de nódulos que crescem da raiz e para dentro das quais elas migram, entrando nas células dos nódulos.
Através de um processo bioquímico complexo que não vou apresentar aqui em detalhes, as bactérias-da-raiz-do-amieiro conseguem capturar nitrogênio da atmosfera e sintetizar aminoácidos a partir dele, parte dos quais é compartilhada com a planta hospedeira. Como resultado, amieiros que contêm nódulos de bactérias-da-raiz-do-amieiro conseguem crescer em solos pobres em nitrogênio e eventualmente enriquecem o solo, permitindo que outras plantas se estabeleçam.
De forma a se dispersarem pelo ambiente e encontrarem novos hospedeiros, as bactérias-da-raiz-do-amieiro produzem esporos dentro de esporângios. Quando liberados, estes podem migrar, provavelmente pela água, até novos locais onde germinam e recomeçam o ciclo.
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Referências:
Benson, D. R.; Silvester, W. B. (1993) Biology of Frankia strains, actinomycete symbionts of actinorhizal plants. Microbiology and Molecular Biology Reviews 57(2): 293–319.
Wikipedia. Frankia alni. Available at: < https://en.wikipedia.org/wiki/Frankia_alni >. Access on March 13, 2018.
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