por Piter Kehoma Boll
Se você vive perto do mar ou o visita com frequência, você pode às vezes ter visto as ondas brilharem enquanto quebram na praia à noite. Esse belo fenômeno é causado pela presença de microrganismos bioluminescentes, o mais famoso dos quais é o integrante da Sexta Selvagem de hoje. Cientificamente conhecida como Noctiluca scintillans, ela pode também ser chamada de centelha-do-mar.
A centelha-do-mar é um dinoflagelado e é comum pelo mundo todo. Ela é um flagelado heterótrofo e se alimenta de muitos outros organismos pequenos, tal como bactérias, diatomáceas, outros dinoflagelados e até mesmo de ovos de copépodes e peixes. Tendo apenas um pequeno tentáculo e um flagelo rudimentar, a centelha-do-mar é incapaz de nadar, tornando-a um predador bem incomum. Estudos sugeriram que ela se alimenta ao esbarrar na presa durante o fluxo da água ou ao subir e descer na coluna d’água devido a diferenças de densidade. Ela também pode produzir um fio de muco preso ao tentáculo que enovela a presa e a traz para seu fim terrível.
Em águas temperadas, a centelha-do-mar é exclusivamente um predador, mas em águas tropicais ela pode conter algumas algas ingeridas que continuaram vivas e as usa em uma associação simbiótica para receber nutrientes da fotossíntese. Diatomáceas do gênero Thalassiosira parecem estar entre suas favoritas.
A característica mais marcante da centelha-do-mar, no entanto, é sua bioluminescência, de onde ela recebe seus nomes. A luz que ela emite é produzida por uma reação química entre um composto chamado luciferina e uma enzima, chamada luciferase, que a oxida, causando a emissão de luz. O fenômeno é claramente visível no mar durante florações do dinoflagelado, o que geralmente acontece logo depois de uma floração de seu alimento.
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Referências:
Kiørbe, T.; Titelman, J. (1998) Feeding, prey selection and prey encounter mechanisms in the heterotrophic dinoflagellate Noctiluca scintillans. Journal of Plankton Research 20(8): 1615–1636.
Quevedo, M.; Gonzalez-Quiros, R.; Anadon, R. (1999) Evidence of heavy predation by Noctiluca scintillans on Acartia clausi (Copepoda) eggs of the central Cantabrian coast (NW Spain). Oceanologica Acta 22(1): 127–131.
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