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Sexta Selvagem: Dinóbrio-divergente

por Piter Kehoma Boll

Vamos voltar a mais uma vez aos problemáticos e negligenciados protistas. Desta vez trarei a vocês outra alga pequena, mas bonita, mais precisamente uma alga dourada. Seu nome é Dinobryon divergens e como de praxe não há nome comum, então inventei um simplesmente traduzindo o nome científico, de forma que a chamarei de dinóbrio-divergente.

O dinóbrio-divergente é parte da classe Chrysophyceae, comumente conhecidas como algas douradas. Medindo certa de 50 µm de comprimento, ele vive em lagos temperados ao redor do mundo e forma colônias compostas de cerca de 6 a 50 células ovoides que são rodeadas por uma concha (lórica) de celulose com forma de vaso, como visto na imagem abaixo.

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Uma colônia ramificada de Dinobryon divergens. As células são claramente visíveis dentro da lórica. Foto de Frank Fox.*

Durante a formação da colônia, uma célula original se divide e uma das células-filhas desliza para a abertura da lórica e começa a construir uma nova. Ela começa criando a base da lórica, que tem um formato de funil e fica presa à parede interna da lórica original. Com divisões subsequentes, a colônia começa a crescer num formato de árvore. E a parte mais interessante é que as células têm dois flagelos e os usam para nadar, puxando a colônia inteira através da água.

Como com outras algas douradas, o dinóbrio-divergente produz uma estrutura silicosa interna que é globosa, oca e tem uma única abertura com o exterior. Essa estrutura é chamada de estatósporo ou estomatocisto e permite que a célula entre num estado de repouso (cisto). O estatósporo é uma estrutura importante para ajudar a distinguir diferentes espécies de algas douradas.

O dinóbrio-divergente é um organismo mixotrófico, significando que se alimenta por fotossíntese e também pela ingestão de alimento, especialmente bactérias. É um carinha interessante, não acha?

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Referências:

Franke, W., & Herth, W. (1973). Cell and lorica fine structure of the chrysomonad alga, Dinobryon sertularia Ehr. (Chrysophyceae) Archiv für Mikrobiologie, 91 (4), 323-344 DOI: 10.1007/BF00425052

Herth, W. (1979). Behaviour of the chrysoflagellate alga, Dinobryon divergens, during lorica formation Protoplasma, 100 (3-4), 345-351 DOI: 10.1007/BF01279321

Karim, A., & Round, F. (1967). Microfibrils in the lorica of the freshwater alga Dinobryon New Phytologist, 66 (3), 409-412 DOI: 10.1111/j.1469-8137.1967.tb06020.x

Sandgren, C. (1981). Characteristics of sexual and asexual resting cyst (statospore) formation in Dinobryon cylindricum Imhof (Chrysophyta) Journal of Phycology, 17 (2), 199-210 DOI: 10.1111/j.1529-8817.1981.tb00840.x

Sheath, R., Hellebust, J., & Sawa, T. (1975). The statospore of Dinobryon divergens Imhof: Formation and germination in a subarctic lake Journal of Phycology, 11 (2), 131-138 DOI: 10.1111/j.1529-8817.1975.tb02760.x

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