Sexta Selvagem: Dragoeiro

por Piter Kehoma Boll

Quando a sétima geração de pokémon foi lançada, ela introduziu formas regionais de pokémon anteriores, incluindo uma forma de Alola do Exeggutor, o qual mudou a tipagem de planta/psíquico do Exeggutor tradicional para planta/dragão. Isso levou muitos a se familiarizarem com o gênero Dracaena, um gênero que é bem conhecido entre botânicos e jardineiros e inclui muitas plantas ornamentais.

Exeggutor de Alola,um pokémon do tipo planta/dragão.

O nome Dracaena vem da palavra grega que significa dragoa, isto é, um dragão fêmea, e foi dado com base na espécie-tipo do gênero, Dracaena draco, ou dragoeiro, que é a nossa espécie de hoje.

Um dragoeiro em Tenerife, Ilhas Canárias. Foto do usuário Losrealejos.es do Wikimedia.*

O gênero Dracaena é proximamente relacionado ao gênero Asparagus, dos aspargos, e o dragoeiro foi inicialmente chamado de Asparagus draco por Lineu, e mais tarde renomeado Dracaena draco por ele mesmo com base no nome do gênero criado pelo naturalista italiano Domenico Agostino Vandelli. Esta espécie é nativa das ilhas africanas no Atlântico (Ilhas Canárias, Cabo Verde e Madeira).

Close numa flor. Foto do usuário Philmarin do Wikimedia.**

O dragoeiro começa a vida como um pequeno caule não ramificado como a maioria das espécie comuns de dracena que vemos em jardins. Seu crescimento é muito lento e somente após crescer verticalmente por 10 a 15 anos ele vai produzir flores pela primeira vez. As flores são brancas e parecidas com lírios e aparecem numa espiga, mais tarde se transformando em frutos avermelhados. Após esse primeiro ciclo reprodutivo, o caule se ramifica pela primeira vez a partir de uma coroa de brotos terminais e então cresce de novo por 10 a 15 anos antes de ramificar de novo. Sendo uma monocotiledônea, o dragoeiro não tem anéis de crescimento, mas sua idade pode ser estimada pelo número de pontos de ramificação do solo até a copa.

Os frutos. Foto de Forest & Kim Starr.***

A associação desta planta com dragões vem de tempos antigos. Não apenas Dracaena draco, mas algumas outras espécies de Dracaena também, produzem uma resina vermelha que é secretada quando as folhas ou o tronco são cortados. Uma resina vermelha similar é encontrada em muitas outras plantas, incluindo palmeiras e crótons, e elas eram todas coletivamente chamadas de “sangue de dragão” e usadas para muitos propósitos, como tinturas e medicamentos. Os romanos antigos coletavam sangue de dragão na ilha de Socotra, onde uma espécie proximamente relacionada, Dracaena cinnabari, a árvore-do-sangue-de-dragão, é encontrada.

Folhas mortas arrancadas mostrando a cor vermelha do sangue de dragão. Foto do usuário Sharktopus do Wikimedia.*

O dragoeiro é a árvore oficial de Tenerife, onde o maior e possivelmente mais velho espécime também é encontrado, o chamado “Drago Milenario”. O espécime tem cerca de 21 de altura e, apesar do nome, não é de fato tão velho e sua idade é mais provavelmente de cerca de 300 anos ou algo assim.

O Drago Milenario em Tenerife, o maior dragoeiro no mundo. Foto de Andrey Tenerife.**

Apesar de ser uma espécie relativamente popular que é criada como ornamental, o dragoeiro é classificado como vulnerável na lista vermelha da IUCN. Suas populações selvagens estão perto da extinção e uma razão para isso é provavelmente porque alguns de seus dispersores de sementes originais foram extintos. Apenas duas espécies de aves foram recentemente reconhecidas como dispersores eficientes. Devido ao fruto relativamente grande do dragoeiro, a maioria das aves não come o fruto inteiro e só arranca pedaços da polpa, de forma que as sementes não são levadas para novos locais.

Frutos maduros. Foto da usuária Nadiatalent do Wikimedia.*

Os guanches, o povo aborígene das ilhas canárias, costumava idolatrar um grande dragoeiro em Tenerife. Alexander von Humboldt aparentemente viu essa árvore quando vistou a ilha, mas ela foi destruída por uma tempestade que atingiu Tenerife em 1868. Os guanches foram dizimados pelos invasores espanhóis e agora sua árvore sagrada está seguindo para o mesmo caminho.

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Referências:

Bañares A et al. (1998) Dracaena dracoThe IUCN Red List of Threatened Species 1998: e.T30394A9535771. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.1998.RLTS.T30394A9535771.en. Access on 13 August 2020.

González-Castro A, Pérez-Pérez D, Romero J, Nogales M (2019) Unraveling the Seed Dispersal System of an Insular “Ghost” Dragon Tree (Dracaena draco) in the Wild. Frontiers in Ecology and Evolution 7:39. https://doi.org/10.3389/fevo.2019.00039

Wikipedia. Dracaena draco. Available at < https://en.wikipedia.org/wiki/Dracaena_draco >. Access on 13 August 2020.

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*Creative Commons License Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons de Atribuição e Compartilhamento Igual 3.0 Não Adaptada.

**Creative Commons License Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons de Atribuição e Compartilhamento Igual 4.0 Internacional.

***Creative Commons License Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons de Atribuição 3.0 Não Adaptada.

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