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Sexta Selvagem: Lacrimária-Cisne

por Piter Kehoma Boll

Em meio ao heterogêneo grupo dos eucariontes unicelulares frequentemente chamados de protistas, um grupo que apresenta uma impressionante diversidade e complexidade celular é o dos ciliados. Hoje apresentarei mais uma espécie deste grupo. A primeira foi apresentada alguns anos atrás.

Chamada de Lacrymaria olor, a espécie de hoje não possui nome comum, mas lacrimária-cisne parece ser um bom. Cisne aqui vem da tradução do seu epíteto específico, olor, mas é muito adequado considerando a forma desta espécie. Encontrada em corpos de água doce, ela se encontra frequentemente perto da vegetação aquática ou de matéria vegetal em decomposição, onde seu alimento também vive.

A parte principal do corpo da lacrimária-cisne não é tão diferente de um ciliado médio, medindo cerca de 100 µm de comprimento e tendo meio que a forma de uma lágrima, de onde o nome do gênero Lacrymaria, do latim lacryma, lágrima. Mas saindo da célula já um “pescoço” muito longo que faz a célula se parecer com um tipo de cisne de pescoço bem bem longo.

Lacrymaria olor, um cisne microscópico. Foto do usuário Picturepest do Flickr*.

A projeção que forma o pescoço é a parte mais ativa da célula da lacrimária-cisne. Enquanto o corpo celular em forma de gota continua consideralmente parado e escondido, o pescoço vasculha o ambiente procurando alimento, o qual consiste de organismos menores. O pescoço pode se mover de um lado para o outro, contornar obstáculos e se esticar até 2 mm, o que é cerca de 20 vezes o tamanho da célula. A extremidade do pescoço possui o aparato oral, através do qual o alimento é ingerido. Um anel de longos cílios contorna o aparato oral, e os cílios batem furiosamente durante o comportamento de caça.

Assista este vídeo incrível com o protista em ação. Extraído de Coyle et al. (2019) .

Quando uma presa é encontrada, a lacrimária-cisne a captura e engolfa em menos de um segundo, provavelmente injetando uma toxina paralisante no processo. Uma vez na “boca”, a presa é “engolida”, sendo empurrada em direção à porção principal da célula, o que pode levar vários segundos.

A incrível agilidade do pescoço da lacrimária-cisne parece estar relacionada com seu complexo citoesqueleto, no qual, por exemplo, as fibras mudam de orientação no pescoço em relação ao corpo. É incrível assistir um comportamento tão complexo num organismo unicelular.

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Referências:

Coyle, S. M., Flaum, E. M., Li, H., Krishnamurthy, D., & Prakash, M. (2019). Coupled active systems encode an emergent hunting behavior in the unicellular predator Lacrymaria olor. Current Biology29(22), 3838-3850.

Wan, K. Y. (2019). Ciliate Biology: The Graceful Hunt of a Shape-Shifting Predator. Current Biology29(22), R1174-R1176.

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*Creative Commons License Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons de Atribuição 2.0 Genérica.

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Arquivado em protistas, Sexta Selvagem

Sexta Selvagem: B. coli

por Piter Kehoma Boll

É hora de dar mais espaço para parasitas, incluindo parasitas humanos! Então hoje nosso camarada vem direto das fezes de muitos mamíferos, incluindo humanos. Seu nome é Balantidium coli, ou B. coli para abreviar.

B. coli é um ciliado, isto é, um membro do filo Ciliophora, um grupo de protistas que possui suas células cobertas por cílios, que não são nada mais que flagelos muito curtos e numerosos. A maioria dos ciliados são organismos de vida livre, e de fato B. coli é o único ciliado conhecido que é danoso a humanos, mas não somente a humanos. Muitos outros mamíferos também hospedam esse carinha, especialmente porcos.

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O macronúcleo vermelho e alongado de B. coli faz com que ele pareça um cara mau, não acha? Foto extraída de http://www.southampton.ac.uk/~ceb/Diagnosis/Vol2.htm

O habitat típico do B. coli é o intestino grosso de mamíferos. O protista vive lá em uma fase ativa chamada trofozoíto (visto na imagem acima) e se alimenta de bactérias que vivem naturalmente no intestino. Quando em ambientes desidratados, o que acontece na porção final do intestino ou depois que o organismo é liberado com as fezes, o B. coli muda para uma fase inativa chamada cisto, que é menor que o trofozoíto e coberto por uma parede espessa. Os cistos são liberados no ambiente e podem ser ingeridos por um novo hospedeiro e atingir o intestino, onde retornarão à forma de trofozoíto.

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Um cisto de B. coli. Foto extraída de http://www.southampton.ac.uk/~ceb/Diagnosis/Vol2.htm

Sintomas da infecção por B. coli, também conhecida como balantidíase, incluem diarreia explosiva a cada 20 minutos e, em infecções agudas, pode causar perfuração do cólon e se tornar uma condição que oferece risco de vida.

Felizmente, infecções em humanos não são tão comuns. O país mais afetado hoje em dia são as Filipinas, mas você pode se infectar em qualquer lugar. A melhor maneira de reduzir os riscos de infecção é tendo boas condições sanitárias e higiene pessoal. Contudo, como porcos são o vetor mais comum da doença, ela continuará existindo enquanto humanos criarem porcos.

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Referências:

Schuster, F., & Ramirez-Avila, L. (2008). Current World Status of Balantidium coli Clinical Microbiology Reviews, 21 (4), 626-638 DOI: 10.1128/CMR.00021-08

Wikipedia. Balantidium coli. Available at <https://en.wikipedia.org/wiki/Balantidium_coli&gt;. Access on February 23, 2017.

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Novas Espécies: 11 a 20 de setembro

por Piter Kehoma Boll

Aqui está uma lista de espécies descritas de 11 a 20 de setembro. Ela certamente não inclui todas as espécies descritas. A maior parte das informações vem dos jornais Mycokeys, Phytokeys, Zookeys, Phytotaxa, Zootaxa, International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology e Systematic and Applied Microbiology, além de revistas restritas a certos táxons.

petrolisthes-paulayi

Petrolisthes paulayi é um novo caranguejo descrito nos últimos 10 dias.

SARs

Plantas

Amebozoários

Fungos

Esponjas

Cnidários

Platelmintos

Anelídeos

Nematódeos

Aracnídeos

Miriápodes

Crustáceos

Hexápodes

Peixes cartilaginosos

Peixes  de nadadeiras rajadas

Lissanfíbios

Répteis

Mamíferos

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