por Piter Kehoma Boll
Em meio ao heterogêneo grupo dos eucariontes unicelulares frequentemente chamados de protistas, um grupo que apresenta uma impressionante diversidade e complexidade celular é o dos ciliados. Hoje apresentarei mais uma espécie deste grupo. A primeira foi apresentada alguns anos atrás.
Chamada de Lacrymaria olor, a espécie de hoje não possui nome comum, mas lacrimária-cisne parece ser um bom. Cisne aqui vem da tradução do seu epíteto específico, olor, mas é muito adequado considerando a forma desta espécie. Encontrada em corpos de água doce, ela se encontra frequentemente perto da vegetação aquática ou de matéria vegetal em decomposição, onde seu alimento também vive.
A parte principal do corpo da lacrimária-cisne não é tão diferente de um ciliado médio, medindo cerca de 100 µm de comprimento e tendo meio que a forma de uma lágrima, de onde o nome do gênero Lacrymaria, do latim lacryma, lágrima. Mas saindo da célula já um “pescoço” muito longo que faz a célula se parecer com um tipo de cisne de pescoço bem bem longo.
A projeção que forma o pescoço é a parte mais ativa da célula da lacrimária-cisne. Enquanto o corpo celular em forma de gota continua consideralmente parado e escondido, o pescoço vasculha o ambiente procurando alimento, o qual consiste de organismos menores. O pescoço pode se mover de um lado para o outro, contornar obstáculos e se esticar até 2 mm, o que é cerca de 20 vezes o tamanho da célula. A extremidade do pescoço possui o aparato oral, através do qual o alimento é ingerido. Um anel de longos cílios contorna o aparato oral, e os cílios batem furiosamente durante o comportamento de caça.
Quando uma presa é encontrada, a lacrimária-cisne a captura e engolfa em menos de um segundo, provavelmente injetando uma toxina paralisante no processo. Uma vez na “boca”, a presa é “engolida”, sendo empurrada em direção à porção principal da célula, o que pode levar vários segundos.
A incrível agilidade do pescoço da lacrimária-cisne parece estar relacionada com seu complexo citoesqueleto, no qual, por exemplo, as fibras mudam de orientação no pescoço em relação ao corpo. É incrível assistir um comportamento tão complexo num organismo unicelular.
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Referências:
Coyle, S. M., Flaum, E. M., Li, H., Krishnamurthy, D., & Prakash, M. (2019). Coupled active systems encode an emergent hunting behavior in the unicellular predator Lacrymaria olor. Current Biology, 29(22), 3838-3850.
Wan, K. Y. (2019). Ciliate Biology: The Graceful Hunt of a Shape-Shifting Predator. Current Biology, 29(22), R1174-R1176.
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