Sexta Selvagem: Samambaia-Preta

por Piter Kehoma Boll

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Você pode ter visto partes da espécie de hoje ao menos uma vez na vida, já que ela é uma planta muito popular em arranjos de flores.

Um buquê de flores com folhas de Rumohra adiantiformis.

Rumohra adiantiformis é como ela é conhecida por botânicos, e nomes comuns incluem samambaia-preta, samambaia-de-sete-semanas e samambaia-de-ferro. Esta espécie de samambaia é amplamente distribuída  na Australásia, no sul da África e nos Neotrópicos, bem como em várias ilhas do Oceano Pacífico.

Vivendo em áreas de floresta, especialmente onde não há muita sombra, a samambaia-preta possui uma biologia que não é muito diferente daquela de outras samambaias. Ela geralmente cresce no solo, apesar de poder eventualmente ocorrer em rochas ou em árvores. O que torna esta samambaia especial é que suas frondes maduras são um tanto duras e, após serem cortadas, continuam a ter uma aparência verde e viva por um longo tempo, geralmente várias semanas.  Essa incrível resistência em murchar a faz uma espécie ideal para ser usada em arranjos de flores.

Samambaia-preta crescendo na África do Sul. Foto do usuário JMK do Wikimedia.*

Atualmente, a maioria da produção de samambaia-preta para uso comercial ocorre no estado da Flórida, EUA, onde ela é cultivada em viveiros irrigados e sombreados. Outros grandes produtores são a África do Sul e o Brasil, especialmente o sul do Brasil, mas nestes dois países a planta é explorada por extrativismo, isto é, é colhida na natureza e não cultivada. Apesar de a extração da samambaia-preta ser uma atividade de ocorrência ampla tanto na África do Sul quanto no sul do Brasil e ser uma fonte importante de renda para muitas famílias, ela é ilegal de acordo com leis nacionais ou regionais. Contudo, ao menos no sul do Brasil, onde a samambaia-preta ocorre nas maiores densidades registradas no mundo, a principal razão para suas populações estarem diminuindo não parece ser a extração, mas sim a sucessão florestal natural. À medida que as florestas envelhecem e se tornam mais escuras, elas se fornam inadequadas para o crescimento da samambaia-preta.

É necessário, é claro, estabelecer limites para sua colheita. Caso contrário, a crescente demanda no mercado florista pode acabar causando efeitos preocupantes em sua ocorrência. A melhor alternativa continua sendo cultivar a samambaia, já que isso protege populações selvagens e permite a colheia de frondes de alta qualidade e uma recuperação mais rápida depois da desfolhação.

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Referências:

Geldenhuys CJ, van der Merwe CJ (1988) Population structure and growth of the fern Rumohra adiantiformis in relation to frond harvesting in the southern Cape forests. South African Journal of Botany 54(4): 351–362.

Milton SJ (1987) Growth of Seven-weeks Fern (Rumohra adiantiformis) in the Southern Cape Forests: Implications for Management. South African Forestry Journal 143: 1–4.

Souza GC, Cubo R, Guimarães L, Elisabetsky E (2006) An ethnobiological assessment of Rumohra adiantiformis (samambaia-preta) extractivism in Southern Brazil. Biodiversity and Conservation 15: 2737–2746. doi: 10.1007/s10531-005-0309-3

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