Sexta Selvagem: Dente-de-Elefante-Comum

por Piter Kehoma Boll

Moluscos compreendem o filo animal mais especioso depois dos artrópodes, mas somente três de suas classes são populares entre o público geral. Uma das classes menos conhecida é Scaphopoda, que inclui um grupo de moluscos conhecidos como dentes-de-elefante. Entre as cerca de 500 espécies descritas, uma é chamada Antalis entalis, ou o dente-de-elefante-comum.

O dente-de-elefante-comum é encontrado em águas do Atlântico Norte e, como todos os dentes-de-elefante, passa a maior parte da vida enterrado nos sedimentos no fundo do mar. Seu corpo mede cerca de 4 cm de comprimento e é rodeado por uma concha alongada que possui uma abertura em cada extremidade, uma sendo mais estreita que a outra. A abertura mais larga é a pela qual ele estende seu pé e uma série de tentáculos pequenos conhecidos como captáculos. Os dentes-de-elefante não possuem olho algum, ao menos como adultos. Suas larvas de vida livre possuem um breve estágio no qual olhos muito simples ocorrem.

Fundo preto com duas conchas brancas com o formato aproximado de uma presa de elefante, cônicas e alongadas, mais largas numa extremidade que na outra. Numa delas se vê uma pequena protuberância cilíndrica curta e coberta de pequenos tentáculos que parecem filamentos saindo do lado maior.
A maior parte do corpo do dente-de-elefante-comum é permanentemente rodeado pela concha. Só seu pé e os minúsculos tentáculos, os captáculos, se estendem através da abertura maior como visto na primeira concha da imagem.

Devido à estranha anatomia dos dentes-de-elefante, é difícil dizer qual parte do corpo é a extremidade anterior ou posterior, ou qual é o dorso e qual é o ventre, mas a abertura maior é frequentemente considerada o lado ventral ou a extremidade anterior. A abertura mais estreita na outra ponta da concha é direcionada para cima e é usada principalmente para a respiração. A água entra através dessa abertura, trazendo oxigênio, e sai levando o dióxido de carbono embora.

Como dentes-de-elefante adultos nunca deixam os sedimentos voluntariamente, eles se alimentam de outros organismos que vivem no mesmo substrato. Foraminíferos compreendem boa parte de sua dieta. Eles usam os captáculos para capturar e ingerir as presas e eliminam as fezes pelo ânus, que se localiza na mesma abertura maior da concha.

Apesar de cerca de 500 espécies viventes de dentes-de-elefante terem sido descritas, sabemos muito pouco sobre sua ecologia e é até difícil encontrarmos fotos de espécimes vivos. O dente-de-elefante-comum é uma das espécies mais estudadas, mas esses estudos estão relacionados à sua anatomia, distribuição e desenvolvimento embrionário, além de estudos filogenéticos. A importância dos dentes-de-elefante para os ecossistemas marinhos é em grande parte desconhecida.

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Referências:

Antalis entalis (Linnaeus, 1758) in GBIF Secretariat (2021). GBIF Backbone Taxonomy. Checklist dataset https://doi.org/10.15468/39omei accessed via GBIF.org on 2022-07-28.

Reynolds, P. D. (2002). The scaphopoda. Advances in marine biology42, 137-236. https://doi.org/10.1016/S0065-2881(02)42014-7

Wollesen, T., McDougall, C., & Arendt, D. (2019). Remnants of ancestral larval eyes in an eyeless mollusk? Molecular characterization of photoreceptors in the scaphopod Antalis entalisEvoDevo10(1), 1-12. https://doi.org/10.1186/s13227-019-0140-7

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